A água, novamente ela. Tão protagonista para a vida, que não existe vida sem ela, a água antes era deixada de lado, mas agora, com a seca na região Sudeste, nunca esteve em tamanha evidência. Ambientalistas internacionais criticaram a situação de estiagem em São Paulo e o motivo era exatamente o rio Tietê. Como é possível que um estado com um rio daquela extensão sofra com a falta de água?
Simples, o rio Tietê é maltratado! Exatamente como acontece com outros rios em cidades do interior paulista.
É bem verdade que algumas cidades valorizam este importante recurso ambiental, mas outras cidades poluem e até esquecem de seus rios. Exatamente como nas capitais, ao asfaltar os rios para criar avenidas e áreas pavimentadas.
Mas é claro que eles são lembrados quando as chuvas chegam e o trabalho mequetrefe resulta em alagamentos, transtornos, destruição e até em mortes de habitantes. Isso sem falar no fato de que todos poderiam contribuir com o abastecimento de água.
Pois são esses conceitos que foram constatados no projeto “A construção da paisagem de fundos de vale em cidades do Oeste Paulista”, apoiado pela FAPESP.
Norma Regina Truppel Constantino foi a professora responsável por conduzir a pesquisa. Norma é professora de Arquitetura e Urbanismo e no mestrado acadêmico em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual Paulista (Unesp), no campus de Bauru, a pesquisa investigou a situação de 16 cidades do Oeste Paulista, que nasceram e se desenvolveram ao longo do ciclo da expansão da cafeicultura.
“Nosso objetivo foi saber como os rios que sustentaram o nascimento dessas cidades são percebidos atualmente pelas respectivas populações, se eles ainda têm importância para as pessoas e são levados em conta pela gestão municipal, pelos planos diretores, pelos projetos aprovados pela câmara etc.”
O projeto pesquisou quatro cidades em cada uma das quatro linhas férreas que cortam o Oeste Paulista. Na linha Araraquarense: Araraquara, São José do Rio Preto, Jales e Santa Fé do Sul. Na linha Noroeste: Botucatu, Lins, Penápolis e Araçatuba. Na linha Alta Paulista: Agudos, Lençóis Paulista, Tupã e Panorama. Na linha Sorocabana: Avaré, Ourinhos, Presidente Prudente e Presidente Epitácio.
O estudo fez conclusões baseado em um prognóstico constituído por nove tópicos: “Algumas das cidades mantiveram a visibilidade e identidade de seus rios, com a conservação das características naturais e sem a degradação do ambiente; em outras, as áreas foram tratadas paisagisticamente, com pouco impacto ambiental, possibilitando à população usufruir de parques lineares construído ao longo dos cursos d’água”, aponta o relatório.
E, além do descaso com a maioria dos rios e o meio ambiente, foi constatado que a maior parte do povo do interior não valoriza os seus rios, mesmo que eles tenham sido um espaço importante na história das cidades.
Várias cidades tiveram seus rios soterrados para construção de parques e outras áreas de lazer.
“O mais surpreendente é que, em vários casos, sobre os rios canalizados foram construídos parques públicos. Em vez de correrem pelos parques, tornando-se fatores de desfrute para a população, os rios foram escondidos no subterrâneo”, finaliza Norma.
Vamos mudar essa visão? Vamos valorizar nossos rios?
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Fonte foto: wikipedia.org
Categorias: Cidades, Informar-se
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