The Guardian e a análise da questão ambiental nas nossas eleições 2014


O que os gringos falam da gente. O jornal inglês The Guardian fez uma interessante análise sobre o nosso processo eleitoral, partindo da grande importância da Petrobrás, como empresa, e do petróleo como ativo de nossa economia, e como as duas principais presidenciáveis, Dilma e Marina, encaram esta questão.

A semana passada foi marcada por uma grande manifestação dos petroleiros, que contou inclusive com a presença do ex-presidente Lula. Desse modo, a presidente atual, Dilma Rousseff, candidata a reeleição, utiliza o petróleo como arma para debater com sua principal adversária, Marina Silva.

Ponto interessante é uma liberdade que o The Guardian tomou para fazer uma comparação: traçou um paralelo com as eleições dos Estados Unidos em 2000, época da disputa entre George Bush – e o petróleo – e Al Gore – e as preocupações com o clima global. Entretanto, afirmam que a situação no Brasil é ainda mais complexa, já que a Petrobrás é a principal empresa pública do país – e alvo de escândalos massivos de corrupção.

No mais recente deles, um processo de delação premiada por parte de Roberto Costa, ex-presidente da estatal – visando redução de sua pena – revelou uma série de nomes de importantes políticos que se beneficiariam de contratos de petróleo, como parte de um esquema de corrupção, para comprar votos e fornecer contribuição à campanhas políticas. Unindo-se essa nova denúncia ao já histórico Mensalão, a reputação e o valor de mercado da empresa só fazem se enfraquecer.

Com mais de 87 mil empregados e produção estimada em 2.5 milhões de barris de petróleo e um quase monopólio de venda desse combustível, a Petrobrás fez as maiores descobertas de reserva de petróleo deste século. O crescimento da empresa era tão impressionante que o Brasil se declarou autossuficiente em petróleo em 2006, e alguns de seus executivos acreditavam que a empresa iria se tornar a maior do mundo. Não foi o que ocorreu, com seu valor de mercado caindo à metade. Muito desse quadro é resultado de suspeitas, cada vez mais intensas, de uso político da estatal – não custa lembrar que parte dos recursos do mensalão saiu da própria Petrobrás.

Além disso, Dilma usa o preço dos barris e do combustível como um balizador para a própria inflação, o que é um grande risco para a economia do país. E o mercado segue insatisfeito, o que pode ser verificado a cada vez que a atual presidente sobe ou desce nas pesquisas: o efeito da bolsa é inversamente proporcional à sua popularidade.

Com os novos escândalos que envolvem a empresa, ambos os lados da eleição tentam dar a sua versão. Marina Silva investe na tese de reforço ao crime “não sei como as pessoas podem acreditar em um partido que colocou um diretor para assaltar os cofres da Petrobrás por 12 anos”, ela declarou em alguns momentos. Já Dilma, comenta que em seu governo foram descobertas as grandes reservas de pré-sal, que será a maior força de nossa economia nos próximos anos.

Com uma agenda que envolve o desenvolvimento sustentável, Marina Silva promete fazer ressurgir o etanol – um plano genuinamente brasileiro do passado, mas que foi danificado pelo investimento em subsídios ao petróleo. Ao mesmo tempo, preocupada com a popularidade da qual o pré-sal desfruta, promete honrar contratos existentes e continuar aplicando os recursos em saúde e educação – plano original da presidente Dilma e ponto sobre o qual a campanha do PT ataca a adversária, alegando que ela alterará esse aporte de recursos, ao desprezar o pré-sal.

A passeata pró-petróleo, organizada pelo PT – e que se assemelha, em alguma medida, aos eventos ocorridos na Venezuela, onde os trabalhadores de estatais eram instados a apoiar publicamente o governo – tenta enfraquecer a candidata ambientalista – o que, segundo pesquisas, pode estar ocorrendo.

Segundo Ildo Sauer, que foi diretor de gás e energia na Petrobrás, sob a administração federal de Lula, mas é atualmente um grande crítico da maneira pela qual a companhia vem sendo comandada, crê nas comparações com as eleições norte-americanas de 2000.

Rousseff estaria mais próxima ao perfil de Bush, que apoiava grandes corporações, ao passo que Silva se aproximaria de Gore, por sua visão de proteção ao planeta. Contudo, ele observa: a governabilidade no Brasil é mais complexa que a dos EUA, portanto, com o papel da empresa sendo tão importante no país, seria difícil que o cenário atual se transformasse tanto, seja com a vitória de qualquer candidata – ou de Aécio Neves, que tem mostrado reação, nos levantamentos de opinião mais recentes.

O fato é que, a pergunta sobre como gerenciar vastas reservas de combustíveis fósseis do país, através da maior empresa da América do Sul, a Petrobras, abriu a grande diferença entre a presidente Dilma Rousseff e sua principal adversária, Marina Silva. Em breve, o eleitor irá decidir e…esperamos que bem!

Leia também: Kátia Abreu é notícia no The Guardian

Fonte foto: fotospublicas.com




Redação greenMe

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