China quer varrer montanhas de seu mapa


A comunidade científica tem criticado os planos da China de derrubar centenas de montanhas para criar mais áreas de construção para as cidades. Segundo especialistas, as consequências ambientais de remover elevações não estão sendo consideradas pelas autoridades do país.

Críticas dos próprios chineses ao projeto

Em artigo publicado na revista científica Nature, uma das mais respeitadas do mundo, três acadêmicos chineses declararam que o plano para remover mais de 700 montanhas e colocar os detritos em vales, de modo a criar 250 quilômetros quadrados de terra plana ainda não foi analisado “tecnicamente, ambientalmente ou economicamente.”

Os estudiosos, de nome Li Peiyue, Qian Hui and Wu Jianhua, são da Escola de Ciência Ambiental e Engenharia, na Universidade de Chang’an, na China e escreveram, ainda: “Há poucos estudos sobre os custos e benefícios da criação de terras. Inexperiência e problemas de ordem técnica costumam atrasar projetos e aumentar custos. Os impactos ambientais ainda não foram totalmente avaliados.”

O caso da província Shaanxi

Um dos maiores projetos começou, em abril de 2012, em Yan’na, na província de Shaanxi, onde o objetivo foi o de dobrar a área da cidade, ao criar 78,5 km quadrados de terras, adicionalmente.

Autoridades locais têm a expectativa de que o projeto gere bilhões de yuan, a partir da venda ou financiamento das novas terras, bem como de outras áreas, oriundas de terras comumente empregadas na agricultura – mas que estão ociosas no presente – em várias partes do país,

A erosão do solo aumenta o aporte de sedimentos de fontes de água local. Em Shiyan, na província Hubein, esse processo tem causado deslizamentos de colinas, alagando locais e alterando cursos de água. Isso tende a provocar sérias implicações para as cidades, o quanto mais isso ocorrer próximo às nascentes do projeto de Transposição Norte-Sul – um empreendimento para desviar águas de rios em canais que passem por toda Beijing.

Poluição nas obras

Já em Langzhou, na província Gansu, o trabalho foi interrompido temporariamente, por conta dos níveis de poluição atmosférica causados pela poeira oriunda da escavação. Sim, ninguém parou para analisar que a alteração no solo fizesse emergir poeira ao vento.

Remoções do topo de montanhas já foram realizadas anteriormente, especialmente nas minas na região leste dos Estados Unidos, mas nada parecido com a dimensão do que pretendem as obras chinesas.

Os autores concluem, então que os impactos ambientais só serão conhecidos, em sua totalidade, caso haja relatórios, junto a pesquisas de viabilidade econômica, que julguem a relação custo-benefício de tais obras. E o impacto ambiental, você deve estar se perguntando, os autores, inteligentemente comentam o seguinte “Quando não há lucro, os governos, geralmente, ficam desencorajados de seguir em frente.”

Fonte foto: theguardian.com




Redação greenMe

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