Quantos ativistas são mortos a cada semana por defender o planeta


A defesa do planeta é uma atividade perigosa: o relatório anual da ONG Global Witness, publicado nesta terça-feira (30), revelou quantas pessoas morreram a cada semana, no mundo inteiro, por protegerem a Terra. O Brasil é apontado como o quarto país mais perigoso para os ativistas ambientais, com pelo menos 20 vítimas só em 2018.

O relatório chega pouco dias depois da denúncia do assassinato do cacique Emyra Wajãpi, de 68 anos, no Estado do Amapá. Sua morte, no dia 24 de julho, foi manchete nos jornais do mundo inteiro.

Além dos dados sobre homicídios, a ONG também reuniu informações relacionadas a intimidações e ataques insidiosos de governos e multinacionais contra ativistas ambientais.

De acordo com dados divulgados pela organização, 164 ambientalistas foram mortos no mundo inteiro no ano passado, o que significa uma média de três assassinatos por semana. Provavelmente, esse número está subestimado. Além disso, não é possível precisar o número de ativistas silenciados por ameaças, ações judiciais e prisões.

Os ambientalistas são culpados por tentar proteger os ecossistemas, defender os povos indígenas e preservar os recursos ambientais consumidos pela agricultura intensiva, pelas atividades mineradoras e pelas indústrias.

O topo do ranking elaborado pela Global Witness é ocupado pelas Filipinas, pela Colômbia, pela Índia e pelo Brasil, onde 30, 24, 23 e 20 assassinatos foram registrados, respectivamente, em um único ano.

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O Brasil registrou uma ligeira redução no número de homicídios, mas os ativistas permanecem extremamente vulneráveis devido às políticas de Bolsonaro. O novo presidente brasileiro vem sistematicamente anulando as proteções contra a Floresta Amazônica e incentivando o desmatamento ilegal para facilitar atividades como agricultura, pecuária, comércio de madeira e mineração.

Além disso, o alto escalão do governo vem demonstrando publicamente de que lado estão: no início de julho, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, visitou madeireiros de Roraima apenas duas semanas depois de um ataque ao Ibama na região, quando foi queimado um caminhão-tanque do órgão de proteção ambiental, utilizado para operações de contenção à extração ilegal de madeira.

Os ativistas mais afetados são aqueles que enfrentam a indústria de mineração: 43 ambientalistas foram assassinados por tentar proteger o nosso planeta dos danos causados pela extração de minerais e para defender os indígenas da invasão das mineradoras.

O clima para ativistas ambientais torna-se cada vez mais perigoso: aqueles que defendem o planeta, incluindo muitos indígenas, são ameaçados, acusados de terrorismo e rotulados como criminosos por meio de campanhas difamatórias que levam à violência, prisões e processos judiciais. Por suas vezes, os ambientalistas têm medo de recorrer à polícia para denunciar as ameaças que recebem porque sabem da existência de mandados de prisão contra eles.

Joel Raymundo, do movimento guatemalteco de resistência pacífica contra a construção de hidrelétricas em terras indígenas, declarou à Global Witness:

“Dizem que somos terroristas, criminosos, assassinos e que temos grupos armados aqui, mas na realidade eles estão simplesmente nos matando.”

O problema, no entanto, não se limita aos povos indígenas: a Global Witness também destacou as sentenças de prisão particularmente severas emitidas contra manifestantes no Reino Unido em setembro.

Nos Estados Unidos, os manifestantes ambientais são definidos como terroristas econômicos e a postura anti-ambiental do governo Trump vem alimentando os preconceitos contra aqueles que defendem o meio ambiente, que podem ser injustamente levados aos tribunais para se defenderem por crimes que não são crimes.

Além dos governos, as multinacionais também desempenham um papel importante no silenciamento de ambientalistas: a Global Witness, por exemplo, descobriu que um grande lote de terra foi arrendado ilegalmente para uma empresa que cultiva e comercializa bananas. O território era habitado por indígenas que viram suas casas demolidas, foram atacados e ameaçados de morte por terem se recusado a abandonar suas terras.

A situação é terrível e inacreditável, uma vez que os problemas ambientais preocupam a todos e é um dever de todos proteger o planeta e as pessoas que lutam todos os dias para defendê-lo.

Veja nos links abaixo, os relatórios do Global Witness nos anos anteriores.

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Redação greenMe

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