A liberação de um agrotóxico por dia no Brasil significa que estamos sendo envenenados e as consequências disso ainda não estão esclarecidas para a sociedade brasileira. Já no exterior há quem entenda que o glifosato, o químico mais usado no país, está relacionado à causa de câncer.
Uma decisão da justiça dos Estados Unidos relacionou a liberação do glifosato ao câncer. Um júri de São Francisco (Califórnia) entendeu que o produto químico foi um fator desencadeador para o desenvolvimento de um câncer em um homem, informa a BBC News Brasil.
O produto em questão é o agrotóxico Roundup – fabricado pela Monsanto (empresa comprada pelo grupo alemão Bayer) – largamente usado em plantações e jardins.
A decisão unânime do júri põe em xeque a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de manter a liberação de venda de glifosato no país com a justificativa de que não haveria comprovações científicas suficientes que relacionem o glifosato com o desenvolvimento de câncer, mutações ou má formação fetal.
De acordo com o júri, o pesticida contribuiu para o linfoma do morador da Califórnia, que tem 70 anos. A próxima fase do julgamento será para analisar a responsabilidade da Bayer no caso.
Os advogados de defesa devem apresentar provas que mostrem a influência da Bayer sobre cientistas, agências reguladoras e os meios de comunicação para construírem uma opinião pública de segurança para o produto. A empresa diz estar confiante de que não será responsabilizada pelo câncer do homem e que continua “a acreditar firmemente que a ciência confirma que os herbicidas à base de glifosato não causam câncer”.
Não é a primeira vez que uma ação judicial nos EUA envolve o produto Roundup. Em 2018, a Monsanto foi condenada pela justiça estadunidense a pagar US$ 289 milhões (R$ 1,1 bilhão) de indenização a um homem com câncer – reduzida, posteriormente, para US$ 78 milhões. A Bayer segue a sua linha de defesa de que estudos atestam que o Roundup é seguro para o uso humano. Entretanto, o denunciante, que fez uso do herbicida regularmente durante 32 anos em sua propriedade, recebeu o diagnóstico de linfoma não Hodgkin.
A Monsanto começou a comercializar o glifosato em 1974 e, em 2000, a patente do ingrediente foi expirada, passando o produto a ser vendido por vários fabricantes.
Em 2015, a Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer, da Organização Mundial de Saúde (OMS), emitiu um parecer de que o glifosato era “provavelmente cancerígeno para humanos”.
O glifosato é o principal ingrediente ativo de diversos agrotóxicos. No Brasil, há 110 produtos com a substância sendo comercializados em todo o país e produzidos por 29 empresas diferentes. Em 2017, aproximadamente 173 mil toneladas de produtos com glifosato foram usadas no Brasil, segundo a Anvisa.
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Categorias: Agricultura, Informar-se
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