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Muito provavelmente você já deve ter ouvido falar no nome Monsanto. Mas quem é a Monsanto, o que ela faz, quais são os impactos de seus negócios para o mundo? Nesta matéria, você vai conhecer mais sobre essa controvertida empresa.
A Companhia Monsanto é uma multinacional do ramo de agricultura e biotecnologia. Sediada nos Estados Unidos, a empresa lidera a produção mundial do herbicida glifosato, um tipo de agrotóxico que foi classificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como cancerígeno. Entretanto, a empresa vende o agrotóxico usando a proteção da marca Roundup.
A Monsanto também é líder na produção de sementes geneticamente modificadas. A Agracetus, uma subsidiária da Monsanto, concentra sua produção em soja transgênica. Aqui no Brasil, ela está sediada em São Paulo através da indústria de sementes Agroceres, além de ter comprado a Agroeste Sementes, uma empresa brasileira de sementes de milho.
Entretanto, os negócios da Monsanto no Brasil não param por aí. Ela também comprou a CanaVialis, empresa que trabalha no melhoramento genético de cana-de-açúcar, e a Alelyx, empresa de biotecnologia, e Monsoy, empresa do ramo de soja.
Por esse pequeno levantamento, dá para ter uma ideia de que a Monsanto, hoje, comanda a produção alimentícia não apenas no Brasil como em todo o mundo! Acontece que essa liderança tem custado um preço muito alto para os habitantes do planeta Terra.
De acordo com a ONG Action Aid, a partir de um relatório publicado no Fórum Social Mundial de 2005, a Monsanto vem contribuindo para a fome e a miséria no mundo, já que ela é a controladora do comércio internacional de produtos agrícolas e alimentares. Isso significa o controle desde o desenvolvimento de sementes até os produtos encontrados nas prateleiras dos mercados.
Em 2012, estudos científicos também afirmaram que a produção de transgênicos da Monsanto potencialmente poderia destruir o ecossistema nativo, além de causar uma série de doenças, entre elas, o câncer. O pesticida Roundup é um dos produtos da Monsanto envolvido em mil polêmicas, já que foi considerado o responsável por várias doenças, como infecções de pele e cânceres em agricultores e pessoas que tiveram algum tipo de contato com o produto, por via direta ou indireta.
O site Hypeness divulgou a trajetória de adoecimento do jardineiro estadounidense DeWayne Johnson, um dos tantos casos em que a Monsanto está envolvida. De Wayne vem lutando não apenas contra um câncer, mas também em uma batalha judicial contra a empresa.
Parece que o jardineiro será a primeira pessoa a levar a Monsanto para o banco dos réus. Isso porque a Monsanto há anos esconde os perigos provocados por seus produtos, que têm efeitos cancerígenos.
Finalmente, um juiz da Califórnia, Curtis Karnow, levou em consideração as alegações de DeWayne e vai levar a empresa à corte. O produto que teria envenenado o jardineiro é o tal Roundup, o herbicida feito com glifosato.
Karnow emitiu uma nota dizendo que a Monsanto tem “continuamente buscado influenciar os documentos científicos para prevenir que suas preocupações internas não atingissem a esfera pública e para reforçar suas defesas em ações sobre a responsabilidade dos produtos. Há, portanto, material factual para um julgamento”.
A nota do magistrado representa uma decisão histórica na tentativa de frear as ações nocivas da Monsanto.
Em 2016, a empresa farmacêutica alemã Bayer anunciou a sua fusão com a Monsanto. A Bayer fechou um acordo de compra da líder mundial de herbicidas e engenharia genética de sementes no valor de U$ 66 bilhões, conforme noticiou à época o G1.
Entretanto, parece que não pegou muito bem para a Bayer ter o seu nome vinculado ao da Monsanto. A farmacêutica alemã acabou virando um para-raios da Monsanto, após receber duras críticas de ambientalistas, e, por isso, decidiu “aposentar” o nome Monsanto, como divulgou a Forbes.
Segundo o presidente-executivo da Bayer, Werner Baumann, o objetivo da empresa é “aprofundar nosso diálogo com a sociedade. Vamos ouvir nossos críticos e trabalhar juntos, onde encontrarmos um terreno comum. A agricultura é importante demais para permitir que as diferenças ideológicas paralisem o progresso”.
Ao que parece, essa jogada trata-se apenas de uma fachada, pois as marcas dos produtos vendidos pela Monsanto serão mantidas. O Roundup, por exemplo, é um dos produtos que continuará sendo vendido, mas deixará de usar o nome Monsanto.
A estratégia da Bayer de se desvincular da Monsanto é uma medida de distanciamento de uma empresa que vem sendo alvo de protestos há anos por grupos de agricultores e organizações comprometidas com o meio ambiente. Por causa disso, a Monsanto carrega vários processos judiciais por questões de saúde e efeitos nocivos para o meio ambiente, cuja responsabilidade é atribuída aos seus produtos.
De fato, pegou muito mal para a Bayer, uma empresa farmacêutica, supostamente comprometida com pesquisas de medicamentos que devem melhorar a saúde das pessoas, ter o seu nome atrelado a uma empresa que justamente é acusada de afetar nocivamente a saúde das pessoas.
Mas não nos deixemos enganar: esse “casamento” foi extremamente conveniente para as duas empresas: uma provoca a doença e a outra oferece o tratamento para ela.
De acordo com o Brasil de Fato, o Brasil é um país chave para todas estas empresas, sobretudo, a Monsanto, pois o mercado brasileiro consome cerca de 20% de todo agrotóxico pulverizado no mundo – com perspectiva de expansão, andando na contramão do que acontece na Europa e nos Estados Unidos.
Por isso, fique atento à procedência dos produtos que você adquire. Existe uma cadeia de produção alimentar que é danosa para a saúde de quem produz e de quem consome alimentos. O principal nome – entre outros, como Nestlé, Coca-Cola, Walmart – por trás do “negócio” da fome, da miséria, da doença e dos efeitos nocivos ao meio ambiente é Monsanto.
Para se aprofundar na questão, leia também:
ROUNDUP DA MONSANTO E O DESENVOLVIMENTO DE BACTÉRIAS SUPERRESISTENTES
AGROTÓXICOS: LIGAÇÃO EPIDÊMICA COM CÂNCER NO BRASIL
Categorias: Agricultura, Informar-se
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