Espinheira-santa de grande riqueza medicinal: contra gastrite e dores estomacais


Conhecida por espinheira-santa, maiteno, cancorosa-de-sete-espinhos, a espécie Maytenus ilicifolia está classificada na família botânica Celastraceae e na ordem Celastrales a mesma da erva-mate (Ilex paraguariensis). Originária do Brasil, apresenta expressiva concentração na região sul do país (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), sendo encontrada também em alguns pontos da Argentina (Leste), Uruguai e Paraguai. Vamos conhecer tudo sobre essa planta

Sua identificação detida é de suma importância, pois no Brasil ocorrem cerca de 77 espécies do gênero Maytenus.

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Aspectos botânicos (identificação da espécie)

A espécie pode ter hábito arbustivo ou arbóreo, podendo atingir 5 metros de altura.

O caule é ramificado desde a base, próximo ao solo, e não há presença de pelos em sua extensão.

As folhas apresentam-se em grande quantidade e homogênea em todo o vegetal, com aspecto coriáceo, isto é, similar a couro, geralmente elíptica com presença de espinhos ao logo da margem foliar.

Sua floração ocorre entre setembro e outubro e seus frutos quando maduros apresentam coloração vermelho-alaranjado.

Aspectos ecológicos da Maytenus ilicifolia

Muitas são as substâncias químicas com relevantes propriedades farmacológicas presentes no metabolismo da espinheira-santa, todavia é de suma importância o entendimento do comportamento do vegetal nos mais variados ambientes, pois é possível que boa parte destas moléculas deixe de ser produzidas de acordo com o cultivo do exemplar!

Existem diversos registros da capacidade alta de adaptação, no entanto seu sítio ecológico ideal é de floresta ombrófila mista, com presença de solo bem úmido, incidência mediana de sol, com isto diversos aspectos morfológicos do exemplar são modificados, como folhas e apresentação de outras partes anatômicas não tão comuns!

Portanto, os amigos leitores que adquirirão a Maytenus em lojas de produtos naturais, é de suma importância investigar minimamente como fora cultivado o espécime que ali se encontra como forma de folhas secas em saco em estantes de comércio. Há uma enorme dificuldade de saber exatamente estas informações agora pouco elucidadas, logo o ideal é buscar o próprio cultivo da espécie!

Não haverá injúrias fisiológicas caso adquiram em lojas sem saber a procedência do cultivo, apenas poderá não exercer a atividade medicinal esperada, pois com testes científicos já ficou claro a alternância de processos químicos no metabolismo deste vegetal dada à forma de cultivo bem como o solo, local e ecologia do organismo.

Substâncias químicas presentes na espinheira-santa

Diversos estudos publicados demonstram uma grande riqueza de substâncias medicinais em Maytenus ilicifolia, dentre elas:

  • Óleo essencial (friedenelol);
  • Terpenos (maitenina, trigenona);
  • Taninos (epicatequina, epigalocatequina);
  • Flavonoides (quercetina, rutina).

Os grupos químicos supracitados são os mais presentes no metabolismo da planta e os que demonstram grande atividade farmacológica.

É muito comum o sucesso na extração destas utilizando água como solvente, isto é, o preparo normal de chá, por técnica de infusão. O que poderá ocorrer é a diferença na concentração das substâncias.

Uso medicinal

Os primeiros estudos realizados com espinheira-santa ocorreram em 1934 devido o emprego popular contra úlceras, gastrites e dispepsias.

Com isto uma intensa investigação se deu no decorrer dos anos para a melhor compreensão do universo bioquímico e farmacológico desta espécie, e muito se avançou!

Comprovou-se sua capacidade gastroprotetora, além de descobrirem atividades antibacteriana, antifúngica e antitumoral!

No tocante à atividade antibacteriana, diversas colônias de bactérias de gêneros distintos foram testadas (Estaphylacoccus, Estreptococcus, Klebsiella) e viram seu elevado potencial na eliminação destas in vitro. O que permitiu auferir uma possível hipótese de também atacar e eliminar uma bactéria de difícil tratamento que acomete o estômago, que pode levar a possíveis ulcerações até câncer, a Helicobacter pylori. Segundo estudos, algumas das substâncias presentes na Maytenus ilicifolia seriam capazes de gerar um processo de perda de água e sais minerais da bactéria, além de dificultar sua fixação na parede estomacal! Incrível, não?

Quanto à sua bioatividade contra úlceras, gastrites e dispepsias ficou claro, em experimentos, sua existência, porém não há a especificação de exatamente qual molécula é responsável por tais ações medicinais.

Os dados que se dispõem no meio científico é que dois grupos de substâncias químicas (taninos e óleos essenciais) agindo em conjunto (sinergismo) geraria um processo de modificação do pH estomacal e atuaria em processos biológicos nas células evitando o excesso de produção de ácido clorídrico (HCL) presente no estômago!

Portanto, o saber empírico sempre esteve corretíssimo ao afirmar e utilizar infusões de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) para dores estomacais, ulcerações e quadros de gastrite! É encantador ver a ciências corroborar e complementar o conhecimento popular!

Ah! Vale ressaltar que as atividades biológicas benéficas conferidas pelo chá de Maytenus são tão eficazes quanto um famoso fármaco gástrico a cimetidina!

Quanto ao uso caseiro…

É extremamente seguro a ingestão do chá de espinheira, no entanto há sempre que se falar sobre as devidas precauções para tal uso. Por exemplo, se você faz uso de algum fármaco regularmente procure um especialista, quer seja um médico ou um farmacêutico para melhores informações, pois poderá ocorrer interação medicamentosa, caso queira saber mais sobre este assunto, leia nosso artigo clicando no link al lado, em verde!

E a outra questão é a concentração do chá que irá tomar, pois mesmo que possua atividades medicinais, todo vegetal tem potencial tóxico!

Consulte o médico em casos de gravidez, amamentação, de querer engravidar e em caso de doenças.

Receita do chá de espinheira-santa

Uma receita segura e apropriada para uso é de cerca de 10g de espinheira-santa para 100 mL de água, de preferência folhas frescas, pois em alguns estudos demonstraram possuir maior concentração de substâncias, mas se não dispuser desta possibilidade a seca terá a mesma atividade!

Nos vemos no próximo artigo!

Até já!

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Rubens Carvalho

Rubens Diego, natural do Rio de Janeiro, Biólogo, professor, amante da natureza, trilheiro de coração! Apreciador da sutileza do Reino Vegetal, possui experiência no trabalho com plantas medicinais, estuda as substâncias químicas produzidas por elas e avalia as possíveis bioatividades destas, isto é, sua capacidade curativa! Ama escrever ou falar sobre os vegetais, pois pensa que eles precisam de um porta voz!


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