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Mentrasto, picão-roxo, ou erva-de-são-joão é o Ageratum conyzoides L, planta da família Asteraceae, de uso medicinal popular no Norte e Nordeste do Brasi.
Outros nomes populares pelos quais é conhecido o mentrasto são:
catinga-de-barrão, catinga-de-borrão, catinga-de-bode, camará-opela, celestina, erva-maria, erva-de-santa-lúcia, erva-de-santa-luzia, erva-de-são-josé, maria-preta, mentraço, mentraz, mentruz (perigoso se confundir com são-joão).
Para não se enganar com a erva que vai coletar, identifique-a bem, por suas características (folha, flores, etc) e pelo nome científico, sempre.
No caso do mentrasto, que também é chamado de são-joão ou erva-de-são-joão, pode ser confundido com o cipó-de-são-joão (Pyrostegia venusta), outra planta brasileira, com uso bem diferente.
Dê uma desconfundida lendo aqui sobre SÃO JOÃO E SUAS PLANTAS – CIPÓ E ERVA: VOCÊ CONHECE?.
Aproveite para ler também sobre o Hypericum perfuratum, planta europeia de vasto uso fitoterápico e que também é chamada de ERVA-DE-SÃO-JOÃO – CONTRAINDICAÇÕES SÉRIAS DE USO.
Do mentrasto se usam as folhas, sementes e flores, principalmente frescas, que são ricas em diversos alcalóides (pirrolizidínico, lycopsamine e echinatine), cumarinas, óleos essenciais, saponinas, flavonoides e taninos e apresentam algumas interessantes propriedades curativas:
Também se estuda a ação antitumoral do extrato desta planta.
Outras indicações medicinais para o mentrasto são:
Com tantas e tão variadas indicações, para usar com segurança você precisará da ajuda de uma curandeira pois, esses usos, consagrados na medicina popular, são área de desempenho dessas figuras tão típicas em nossos sertões.
As indicações curativas para o mentrasto são, basicamente, em caso de artrose, reumatismo, cólica menstrual, hemorragias, diarréias, depressão, psoríase.
E, segundo o que li aqui, as indicações de preparo e dosagem são as seguintes:
● Cólicas menstruais (infusão): 1 xícara de cafezinho da planta seca picada em 1/2 litro de água, tomar 1 xícara de chá de 4 em 4 horas.
● Reumatismo/artrose (tintura): 1 xícara de cafezinho da planta fresca para 5 xícaras de álcool, tomar 10 gotas em água 2 vezes ao dia (cólicas) ou aplicar em massagens locais.
● Artrose (pó): colocar 1 colher (café) do pó em água ou suco de frutas para cada dose a ser tomada, tomar 3 a 4 vezes ao dia.
● Reumatismo e artrose (decocção, uso externo): cozinhar a planta inteira e despejar o chá morno numa vasilha, colocar os pés ou mãos dentro durante 20 minutos, 2 vezes ao dia, ou usar sob a forma de compressas 2 vezes ao dia.
Há diversos estudos que comprovam os benefícios curativos do mentrasto. Esta é uma das plantas de uso recomendado pelo SUS como unguento, por exemplo.
Em diversos outros países, o mentrasto também está inserido nas medicinas tradicionais como, na Índia e na Nigéria, por exemplo.
Sobre seu uso na depressão, foi documentada a ocorrência de bons efeitos em baixas dosagens porém, com certa toxicidade que é necessário estudar mais profundamente.
Para uso interno já se encontram cápsulas de mentrasto em pó em farmácias naturais e também as folhas secas, para preparo do chá (porém, lembre-se que é preferível o uso da planta fresca, segundo a indicação da medicina popular dos velhos curandeiros).
No caso de uso externo, apele para o chá, unguento ou a tintura das folhas e flores (as frescas são melhores, claro). Também se pode aplicar em cataplasma quente de folhas. O uso externo é indicado para os casos de problemas de pele (psoríase, feridas, cicatrização) e para os casos de dores reumáticas ou nevrálgicas.
Também pode-se usar o óleo de mentrasto que é especialmente benéfico em casos de hemorroidas.
Segundo esta pesquisa interessante sobre as ervas, seus usos ritualísticos e medicinais,
“a erva-de-são-joão, também chamada de nagô isúmi uré nos candomblés brasileiros, está ligada aos orixás Xangô e Orumilá e é utilizada “(…) em banhos de purificação e sacudimentos para combater feitiços, pois é considerada uma das melhores ‘folhas de defesa’ nos terreiros jêje-nagôs. [Inclusive] (…) tem a finalidade de combater os feitiços enviados pelas Ìyámi (feiticeiras)”
(Do livro Ewé Òrìsà – Uso Litúrgico e Terapêutico dos Vegetais nas Casas de Candomblé Jêje-Nagô, de José Flávio Pessoa de Barros & Eduardo Napoleão).
Categorias: Usos e benefícios
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