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Chamamos de murta a uma grande diversidade de plantas que, têm em comum as flores branquinhas e aromáticas. E, para complicar, muitas murtas são usadas pelas medicinas populares para este ou aquele tratamento. Mas, é preciso você saber exatamente o que vai tomar, não é?
Na Europa a murta-comum é a Myrtus communis e seu cultivo ou uso não é permitido no Brasil.
A murta-comum brasileira é outra – a Blepharocalyx salicifolius, da qual vamos falar aqui.
No território brasileiro são identificadas pelo menos 7 espécies nativas, conhecidas pelo nome comum de murta e que são de gêneros botânicos bem distintos entre si, e mais umas tantas murtas mais próximas das espécies mediterrâneas, dos gêneros Myrcia, Myrciaria e Mouriri, segundo me contou o botânico Daniel Saueressig em conversa particular:
Blepharocalyx salicifolius
Sebastiania jacobinensis
Acosmium lentiscifolium
Chrysophyllum inornatum
Pimenta pseudocaryophyllus
Curitiba prismatica
Coutarea hexandra – Murta-do-mato, que é uma Rubiácea nativa brasileira pois ocorre naturalmente nos biomas Floresta Amazônica e Mata Atlântica
Myrcia lanceolata – Murta-cabeluda (Myrcia lanceolata, flora brasileira)
Murta-do-campo (Myrciaria tenella), árvore nativa do Rio Grande do Sul
Muriri ou Murta-de-parida (Mouriri guianensis, família das Melastomataceae)
As murtas de fora também são várias e algumas sequer existem aqui ou, como no caso da Murraya paniculata (murta-de-cheiro, murta dos jardins, etc) foi banida por lei pois é potencial transmissora de uma doença muito perigosa para os cítricos – mas, a gente encontra Murraya paniculata em tudo que é arborização urbana, é incrível.
Bom, lá vai a lista das murtas estrangeiras para você ter uma ideia. Algumas são do gênero Myrcia, família Myrtaceae como as pitangas, goiabas e ameixas e jabuticabas , outras são do gênero Murraya, família Rutaceae, como o limão, o café, laranja e mexerica.
Murta, Murta-da-Índia, Murta-dos-jardins (Murraya exotica ou Murraya paniculata) que é também chamada de Falsa-murta
Murta-do-campo (Aglaia odorata, família Meliaceae) ornamental e aromática
Murta-espinhosa (Ruscus aculeatus) também conhecida como gibardeira ou vassoura doce, que é da família Liliaceae e uso nas medicinas populares mediterrânicas como vasoconstritor, anti-inflamatório e diurético, dentre outros.
Murta-pimenta (Pimenta dioica ou pimenta da Jamaica)
Murta-comum, Murta-verdadeira, Murta-do-jardim, Murta-cheirosa ou Murta-cultivada (Myrtus communis) que é nativa da Europa Mediterrânica e Norte da África.
É tanta murta diferente e, quantas são chamadas de murta-comum, que vale a pena explicitar afinal esse artigo aqui se refere, somente, às propriedade curativas e usos medicinais, nas medicinas populares, Blepharocalyx salicifolius, família das Myrtaceae, e que é também conhecida como guamirim, cambuim, piúna, maria-preta; arrayán (indígena); horco molle, anacahuita, cascarilla, mojino, uiquillo.
Esta é uma murta latino-americana, de uso indígena ancestral e da qual se extrai o óleo essencial de murta que tem reconhecida ação medicinal como expectorante.
As partes utilizadas são a casca, raiz e folhas frescas, partes essas que são ricas em óleo essencial.
Os princípios ativos (42 diferentes) desta murta já foram identificados e os principais são: 1,8-cineole (25,2%), linalool (20,4%) e b-caryophyllene (22,9%).
A murta comum brasileira, Blepharocalyx salicifolius tem as seguintes propriedades medicinais:
No uso popular da decocção das folhas está indicado o banho de assento (50 gr de folhas frescas em um litro de água fervente) ou uso interno, como chá (25 gr de folhas frescas em 1 l água fervente, tomar até 4 copos ao dia), para casos de:
Assim, quando te disserem algo do tipo “toma um chá de murta”, primeiro eu te aconselho a investigar sobre que planta estão te aconselhando pois, como você deve imaginar, não é por ter o mesmo nome comum que a planta vai servir para as mesmas mazelas.
E, como você também já deve saber, não se confie do “ouvi dizer que” pois, para reunir essas informações para o artigo de hoje eu tive de incomodar uma meia dúzia de técnicos da área da taxonomia botânica (bem, e olha que eu nem sou leiga pois, afinal, sou agrônoma).
Usar medicamentos populares é bom, claro, desde que você saiba, muito bem o que está usando e, conheça sua sensibilidade para a planta em questão. Ah, e não se esqueça de que, entre droga e remédio a única diferença é a dosagem.
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Foto: Blepharocalyx salicifolius por Marcio Verdi
Categorias: Usos e benefícios
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