Extinction Rebellion invade desfile da Louis Vuitton e denuncia o impacto da alta moda


Ativistas do Extinction Rebellion, do Amigos da Terra e da Juventude Pelo Clima invadiram as passarelas de Louis Vuitton para denunciar o impacto ambiental da indústria da moda.

O Extinction Rebellion (XR) é um manifesto pelo clima que nasceu no Reino Unido e hoje está presente em 20 países. O nome se refere à luta contra a extinção em massa no planeta Terra e, de forma pacífica, o grupo trabalha pela conscientização das pessoas a respeito da ameaça climática.

Como muitos já sabem, a indústria da moda é uma das que mais poluem o meio ambiente. Mas a gente sempre pensa naquela indústria fast fashion, tipo Shein, que fabrica roupas praticamente descartáveis.

Mas a alta moda também polui e é muitas vezes cruel com os animais.

Assim, para conscientizar, nesta terça-feira, 5, os ativistas do XR invadiram as passarelas durante um desfile da Louis Vuiton em Paris, para denunciar o impacto também da alta moda, além da inação do governo francês com frases como:

“LVMH – Macron: cúmplices da inação”.

O Clima é uma Vítima da Moda

Estima-se que 42 peças de vestuário per capita tenham sido comercializadas na França somente em 2019. Para reduzir as emissões é preciso que a indústria da moda mude completamente. A moda deveria mudar de nome se se entende por moda tendência. A moda deveria ser menos fluida e menos passageira, passando a ser mais estável sem as coleções de estações que a define pois essa corrida permanente pela novidade, só gera consumo excessivo e lixo.

Segundo a Extinction Rebellion, a moda representa até 8,5% das emissões globais de gases de efeito estufa, os têxteis utilizam 11% dos agrotóxicos consumidos no mundo e causam 20% da poluição dos cursos de água. Sem contar a poluição causada pelo descarte das peças não mais usadas.

Usar algodão orgânico, fazer reciclagem de tecido, contribuir para o reflorestamento não basta. São ações muito pequenas perto de uma indústria gigantesca.

Superconsumo = Extinção

Se a moda descartável de baixo custo, a fast fashion, está caindo do desgosto do freguês, o mesmo não acontece com a alta moda de luxo.

Modelos lindas e maravilhosas estrelando publicidades bem feitas, definem tendências e aguçam o desejo de consumo, inclsuive nas pessoas que não podem pagar pelo alto preço desses produtos.

Precisamos de um novo modelo de moda que não incentive o superconsomo que nos levará à extinção.

No caso dessa ação em especifico, além do impacto da indústria da moda em geral, os ativistas denunciam a responsabilidade do governo de Emmanuel Macron que se recusa a obrigar a indústria da moda a respeitar o Acordo de Paris, reduzindo a produção, diminuindo drasticamente seu impacto ambiental e respeitando os direitos humanos nos países fabricantes.

“Emmanuel Macron se posiciona como um campeão do clima… na verdade, ele atende sobretudo aos interesses das grandes empresas francesas e, em particular, aos do grupo Louis Vuitton.”

Do lado de fora

Do lado de fora do desfile oficial da Louis Vuitton, os ativistas organizaram seu próprio desfile denunciando a cegueira da indústria da moda com o cartaz

“Nosso planeta está queimando: a moda olha em outro lugar”.

2 de 5 ativistas foram presos durante a ação e liberados depois de mais de 13h na delegacia, como informou o site do Exstinon Rebellion na França.

Se você gosta desse tema, confira aqui a seção MODA em nosso site e fique por dentro de tudo o que acontece sobre moda e sustentabilidade.

Talvez te interesse ler também:

Mundo pós-pandemia: “A semana de moda acabou”, declara a Gucci

Moda gestante: é preciso realmente trocar o guarda-roupa?

Moda ecológica: brilho sustentável com lantejoulas bioplásticas feitas de algas

As abelhas invadem a Semana de Moda de Paris

Meia-calça desfiada vendida por 140 euros: a nova moda da Gucci




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Compartilhe suas ideias! Deixe um comentário...