O mercado ligado à moda é caracterizado por mudanças cada vez mais rápidas e frequentes. Como todo mercado, as indústrias têxtil e de confecção, vitais para o consumo da moda, também estão tentando se adequar em um contexto mais sustentável.
O maior desafio da moda sustentável está em provar que não se trata de uma nova tendência ou modismo, mas de uma necessidade para o futuro. A indústria da moda sempre teve um processo de produção que ocorre ao longo de uma cadeia produtiva que se relaciona intimamente com variáveis ambientais, podendo gerar grandes impactos ambientais. Por exemplo, a produção de couro para roupas, sapatos e bolsas, é uma das atividades que mais poluem o meio ambiente. Isso porque ao amaciar o couro, são usadas toneladas de sal e produtos químicos. Esse sal é diluído em água, possibilitando a contaminação do solo e da água. Também são usados cerca de 8 mil tipos de produtos químicos para transformar matéria prima bruta em tecidos, muitos desses produtos provocam danos ao meio ambiente e à humanidade.
É pouco provável que ao comprar ou vestir aquela camiseta adorável de algodão convencional, nós consumidores, levamos em consideração que o produto para ser fabricado usou agrotóxicos, uma grande quantidade de água, energia, causou contaminação ao solo, da água e até mesmo os trabalhadores que se expuseram aos produtos químicos. E tampouco que a simples camiseta continuará gerando novos impactos ao ser lavada e passada.
A roupa e a indústria da moda está tão presente no nosso dia-a-dia que acabamos por não percebê-la enquanto produto e, talvez, por essa razão, se comparada a outros ramos industriais, a indústria têxtil e a moda tenha demorado tanto para o despertar ecológico. Devido a nova perspectiva de mercado e a demanda mundial por alternativas mais verdes, a moda sustentável deixa de ser vista como tendência e passa a ser um comportamento.
Tudo bem, mas afinal, o que é a moda sustentável? Para responder essa pergunta é necessário levar em consideração todo o processo de produção da indústria da moda. A moda sustentável visa a confecção de vestimentas que utilizem matérias-primas ecologicamente corretas, respeitem as leis trabalhistas, levem em consideração o impacto da produção no meio ambiente e garanta a cooperação entre produtor e comunidade local. As possibilidades de inserir o conceito sustentável nas vitrines e passarelas são inúmeras. O objetivo da moda sustentável é fazer com que tudo aconteça pautado no respeito ao meio ambiente. Palavras como repensar, reciclar e renovar tornam-se parte do conceito.
As técnicas e as mudanças que hoje já estão em ascensão no mercado da moda são:
* A utilização de tecido orgânico – fibras produzidas sem o uso de inseticidas ou pesticidas.
* Roupas produzidas a partir de material reciclável – atualmente as estrelas são as PETs transformadas em tecido e pneus que viraram solados confortáveis para sapato.
* O uso de corantes naturais – produzidos a partir de pigmentos naturais de plantas, cascas de árvores e raízes, o processo é todo natural inclusive o de fixação, o que difere das grandes indústrias que frequentemente utilizam metais pesados no processo de fixação de cores nos tecidos.
* Upcycling – é a reinserção, nos processos produtivos, de materiais que teriam como único destino o lixo, para criar novos produtos sem passar passar pelos processos físicos ou químicos da reciclagem. Cavalera lançou uma coleção de carteiras usando este conceito. No Brasil há projetos como: o Ecotece – um Instituto do Vestir Consciente que tem a missão de gerar soluções criativas e promove o vestir consciente com o desenvolvimento de produtos sustentáveis e práticas educativas; o Traces do Instituto E em parceria com a Osklen – O projeto indica maneiras de reduzir e mitigar as emissões de gases do efeito estufa do setor têxtil. E marcas como Tiê Moda Ecológica; Osklen; Goóc. Além da criação de linhas ecológicas em várias marcas já consolidadas no mercado da moda.
Apesar da importância do crescimento deste seguimento da moda, no Brasil ainda faltam incentivo e leis para que seja dado o “ponta pé inicial” e que a moda sustentável consiga se manter de maneira independente no futuro. Apesar da produção de roupas sustentáveis ser mais cara, ela é mais vantajosa em termos ambientais, e os consumidores estão cada vez mais conscientes de seu papel na sociedade capitalista e atuantes quanto a seus direito e deveres. Usam, cada vez mais, seu poder de escolha para “premiar ou punir” empresas por suas atitudes sociais e ambientas. Ou seja há um novo perfil de consumidor, muito mais reflexivo e menos sensível aos apelos do marketing, e o mercado da moda está se adequando a estes novos perfis, comportamentos e demandas.
Porém, convenhamos que, quando se trata de moda só a criatividade já é capaz de transformar! Vale a pena lembrar que podemos fazer parte da moda sustentável. Reutilize, recrie, customize e aproveite para dar uma nova oportunidade para o que antes já não lhe “caía bem”!
Fonte foto: freeimages.com
ASSINE NOSSA NEWSLETTER