Algodão Manchado de Sangue: Gigantes do Varejo Europeu Alimentam o Desmatamento e a Violência no Brasil


Nos bastidores da moda rápida, um cenário sombrio vem à luz à medida que gigantes do varejo europeu são expostos por sua conexão direta com uma cadeia de abastecimento manchada de sangue. Um novo relatório revela que marcas de renome mundial, como Zara e H&M, estão ligadas a uma cadeia de fornecimento que envolve desmatamento ilegal, grilagem de terras e violência desenfreada na exuberante paisagem do Brasil.

Fashion Crimes © Earthesight

Fashion Crimes © Earthesight

O relatório, divulgado pela investigativa britânica Earthsight, traça um quadro alarmante: mais de 800.000 toneladas de algodão contaminado estão sendo rastreadas até as portas desses gigantes do varejo, vindas de algumas das fazendas mais infames do Brasil. Essas fazendas, propriedade de algumas das famílias mais ricas do país, não apenas devastam o ecossistema precioso do Cerrado, mas também estão associadas a uma longa lista de crimes ambientais e violações de direitos humanos.

O Cerrado, uma vasta região de beleza deslumbrante e biodiversidade incomparável, está sendo saqueado para dar lugar a plantações de algodão. Este bioma crucial, que abriga 5% de todas as espécies do mundo, está sendo sacrificado em prol do lucro rápido. Milhões de hectares de mata estão sendo dizimados, resultando em impactos climáticos devastadores e colocando inúmeras espécies à beira da extinção. Enquanto isso, comunidades tradicionais que viveram em harmonia com o Cerrado por séculos estão sendo despojadas de suas terras, sofrendo intimidação e violência às mãos dos capangas das fazendas.

Um verdadeiro cenário de faroeste, onde a lei é ignorada em prol do lucro. O mais chocante é que toda essa tragédia está alimentando a indústria global da moda, com itens de vestuário e artigos para casa feitos com algodão manchado de sangue encontrando seu caminho para as prateleiras das lojas da H&M e da Zara.

As empresas, que se autoproclamam defensoras da sustentabilidade e responsabilidade social, estão agora enfrentando a ira do público por suas conexões com essa cadeia de abastecimento corrupta e destrutiva. O relatório também expõe a falha dos esquemas de certificação, como o Better Cotton, em garantir práticas sustentáveis e respeito pelos direitos humanos.

Enquanto as empresas se escondem atrás dessas certificações, a realidade é que elas continuam a lucrar com a exploração desenfreada e destruição ambiental. À medida que o escândalo se desenrola, fica claro que a responsabilidade recai não apenas sobre as empresas envolvidas, mas também sobre os legisladores e os fiscalizadores. É hora de exigir transparência total na cadeia de abastecimento da moda e responsabilizar as empresas por suas práticas predatórias. Caso contrário, estaremos condenados a ver mais tragédias como essa se repetirem, enquanto o planeta e suas comunidades mais vulneráveis pagam o preço mais alto.

O vídeo contém cenas fortes, não aconselhável para pessoas sensíveis:

O relatório Crimes na Moda pode ser lido aqui na íntegra.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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