Microesferas de plástico: o alarme de um chocante estudo norte-americano


As microesferas de plástico podem ir parar até na água que bebemos. O aviso vem de especialistas norte-americanos que pedem pela proibição total destas substâncias usadas em cremes dentais, sabonetes líquidos, gel para ducha, esfoliantes e outros produtos cosméticos.

Somente nos Estados Unidos, até 8 trilhões de microesferas de plástico acabam indo parar nos habitats aquáticos, todos os dias, pelo ralo das casas. É uma quantidade suficiente para cobrir a superfície de 300 quadras de tênis, de acordo com um artigo publicado este mês na revista Environmental Science and Technology.

O estudo foi conduzido por pesquisadores da Oregon State University. Na opinião destes, estamos perante um problema muito sério e ainda não percebemos. As estações de tratamento de esgoto não foram projetadas para lidar com as microesferas de plástico que representam partículas muito resistentes e minúsculas. Estas partículas de plástico são altamente poluentes, não são biodegradáveis ​​e podem permanecer na água virtualmente “para sempre” de acordo com a Wildlife Conservation Society.

Todas as espécies de vida vêm a ser danificadas com o uso deste microplástico e, através dos peixes e dos frutros do mar, fazem o seu caminho na cadeia alimentar até chegarem ao organismo do homem. Os animais aquáticos que vivem em recifes confundem as microesferas com comida de verdade e todo esse plástico pode bloquear seus sistemas digestivos e impedir a absorção dos nutrientes que os animais necessitam.

E os 8 bilhões de microesferas que todos os dias entram nos ecossistemas aquáticos, somente nos Estados Unidos, seriam apenas um lado da questão. É provável que muito deste plástico acabe indo parar nos rios, canais, lençóis freáticos e até mesmo nas terras cultivadas para a agricultura e na água potável que bebemos.

O estudo fornece apenas uma estimativa numérica do problema. Não há um número específico e os valores foram calculados com base em pesquisas anteriores, expressos em medidas cautelares. As microesferas em circulação poderiam ser ainda muito mais numerosas do que imaginamos.

Mas trata-se de uma nova perspectiva sobre o tamanho de um problema que nunca deve ser subestimado. De qualquer forma, os dados disponíveis são fortes o suficiente para pedirmos por uma proibição total da utilização de microesferas de plástico nos produtos cosméticos e detergentes.

Nos Estados Unidos, alguns estados já começaram a tomar medidas para proibir as microesferas plásticas, mas as leis ainda não são suficientes. As empresas que se deparam com este problema estariam prontas para alterar a composição dos seus produtos?

No ano passado, no Brasil, a Associação Brasileira do Lixo Marinho abriu uma petição on line endereçada ao O Boticário, pedindo pela retirada das microesferas de seus produtos cosméticos. Em uma outra petição, a mesma associação pede para que a ANVISA proíba o uso de microesferas de plástico nos produtos cosméticos brasileiros.

Enquanto isso, nós consumidores já sabemos: nada de esfoliantes, nada de pastas de dentes com microefesferas e nada de sabonetes líquidos ou cremosos que contenham microplásticos.

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Fonte foto: commondreans




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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