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Você provavelmente não sabia… mas, o colágeno fácil e disponível para comprar no mercado, pode ser um grande aliado do desmatamento.
A Natureza não tem um segundo de paz.
As ligações entre a carne bovina, a soja e o desmatamento no Brasil já são bem conhecidas, mas pouca atenção tem sido dada à crescente indústria do colágeno (chamado erroneamente como subproduto) avaliada em US$ 4 bilhões.
A bomba da vez é: de acordo com uma investigação da Bureau of Investigative Journalism e dados do Center for Climate Crime Analysis (CCCA), empresas multinacionais extraem colágeno de gado brasileiro criado em fazendas responsáveis por 2.600 km2 de desmatamento.
Para os usuários fiéis, a proteína pode melhorar cabelos, pele, unhas e articulações, retardando o processo de envelhecimento. Além de marcas de beleza e bem-estar, o colágeno também é usado por empresas farmacêuticas e produtoras de ingredientes alimentícios.
Na investigação, parte desse colágeno foi rastreado até uma das marcas mais vendidas, a Vital Proteins, da Nestlé.
O colágeno bovino é uma proteína extraída do couro do boi, e que pode ser processada em um pó branco fino. Quando transformado em produto cosmético, o resultado é a indústria da beleza bombando de celebridades e propagandas mostrando seus ‘benefícios à saúde’, como se nada estivesse acontecendo.
A investigação descobriu que o gado criado em fazendas ligadas ao desmatamento foi processado em matadouros que atendem cadeias internacionais de suprimentos de colágeno.
O que ninguém sabia (mas imaginava), é que parte desse colágeno está sendo atribuído à Vital Proteins (disponível globalmente, incluindo EUA e Reino Unido), de propriedade da Nestlé, um dos principais produtores de suplementos de colágeno bovino.
Além disso, o colágeno é considerado um subproduto da indústria pecuária, o que dificulta a rastreabilidade que a legislação europeia e britânica prevê para outros produtos ligados a desmatamento e violações de direitos humanos, como a carne, a soja e o óleo de palma.
Ou seja, legalmente, as empresas de colágeno não têm obrigação de rastrear seus impactos ambientais.
Segundo os especialistas, os subprodutos são uma parte vital do modelo de negócios da indústria pecuária.
Só que, a pecuária é responsável por cerca de 80% do desmatamento no Brasil, e os produtos derivados do boi (não apenas a carne) podem representar até 25% da renda dos frigoríficos.
Chris Grayling, co-presidente do grupo parlamentar de desmatamento global, afirma:
“Não há desculpas para empresas da indústria de cosméticos adquirirem produtos de áreas de desmatamento ilegal. Eu espero que o novo governo brasileiro acabe com o flagelo do desmatamento ilegal”.
Já a Nestlé disse que as alegações levantadas não estão de acordo com seu compromisso com o fornecimento responsável e que entrou em contato com seu fornecedor para investigar. Acrescentou que está tomando medidas para:
“…garantir que seus produtos sejam livres de desmatamento até 2025”.
É um absurdo! As empresas chegam em território brasileiro, desmatam nossas florestas, vendem o que pegaram de nós, e ainda não querem se responsabilizar.
As empresas internacionais têm o dever de garantir que suas compras sejam feitas de fornecedores sustentáveis e que agem procurando proteger o meio ambiente.
Mas, a marca Vital Proteins, (com certeza você já viu Jennifer Aniston na telinha, diretora criativa e garota propaganda da marca), está e continua com suas propagandas a mil.
Para a atriz, que usa o produto há anos:
“O colágeno é a cola que mantém tudo unido”.
Assista ao vídeo onde a jornalista ambiental Elisângela Mendonça explica como a investigação revelou a verdade por trás da indústria não regulamentada:
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Fontes:
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Categorias: Cosméticos
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