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Por que comer camarão é tão prejudicial?

Publicado por Deise Aur em 08/09/2022

Índice

O camarão é um dos frutos do mar mais consumidos no mundo. Só nos EUA, o nível de consumo anual desse crustáceo é de 4,4 quilos por pessoa. Mas por trás deste hábito alimentar existem muitos prejuízos, tanto para o meio ambiente quanto para a saúde, que para os direitos humanos e dos animais.

Entenda tudo isso com as informações a seguir.

Como e quando se intensificou o consumo do camarão?

A intensificação do consumo de camarão teve início durante a Lei Seca americana na década de 1920.

Com a proibição do álcool, os donos de bares e restaurantes ficaram solitários, sem nada para fazer além de olhar para as garrafas de bebidas alcoólicas paradas nas prateleiras e os copos vazios, que não podiam mais ser preenchidos para servir a freguesia.

Foi nessa fase que alguns empresários tiveram a ideia de servir “coquetel de camarão”, preenchendo os copos antes usados para servir bebidas alcoólicas com os petiscos marinhos cozidos e cobertos com molho picante feito com ketchup e suco de limão.

Após o encerramento da Lei Seca, essa invenção culinária foi incorporada ao cardápio norte-americano e, infelizmente, virou mania nacional.

Consequências do consumo de camarão

Infelizmente, por trás do hábito alimentar de comer camarão existem várias desvantagens e prejuízos, como:

problemas relacionados à saúde
desequilíbrios ambientais
violações dos direitos humanos
crueldade aos animais aquáticos

Vejamos uma a uma dessas consequências.

Males à saúde humana

Os prejuízos que o consumo de camarão provoca na saúde humana se dão pelas seguintes razões:

Falta de regulamentação

Um problema na produção e consumo de camarão é que é difícil saber como esse alimento foi produzido e o que ele pode conter. Afinal, algumas informações não vêm escritas no rótulo.

Outro fator é que em vários países produtores de camarão há falta de regulamentação. Dessa forma, existe o risco de estar consumindo um alimento produzido em condições inadequadas e, dessa forma, contaminado.

Um estudo feito pela Oceana, grupo de conservação dos oceanos, relata:

“Os testes de DNA confirmaram que 30% dos 143 produtos de camarão testados em 111 mercearias e restaurantes foram deturpados.

A Oceana também descobriu que os consumidores geralmente recebem poucas informações sobre o camarão que compram, incluindo onde e como foi capturado ou cultivado, tornando difícil, se não impossível, que o consumidor faça escolhas informadas.

Nesse contexto, as pessoas podem estar comendo sem saber se o camarão foi produzido em uma fazenda que usa muitos antibióticos, pesticidas e outros produtos químicos nocivos.

O camarão pode conter diversas substâncias tóxicas

Boa parte dos camarões consumidos ao redor do mundo vem de países onde a indústria tem pouca ou nenhuma regulamentação como: Tailândia, Vietnã e Índia.

Os camarões produzidos nesses países faz com que estes crustáceos apresentem alto nível de toxicidade por conta dos vestígios de:

antibióticos proibidos causadores de câncer
antibióticos legais
pesticidas
outros produtos químicos

Criadouros que favorecem a contaminação do camarão

Camarão criado em espaço artificial pode ser infectado por vírus e bactérias, apesar do uso profilático de antibióticos legais e ilegais.

O que desencadeia este tipo de problema é que o criadouro artificial de camarões pode ser uma piscina sobrecarregada com muitos desse pequeno crustáceo e, com isso, um lodo de matéria fecal e excesso de comida podem se acumular e se decompor nesse local.

Esse contexto abre caminho para a proliferação de vírus e bactérias, que podem infectar estes animais aquáticos e ainda adoecer quem os consome.

A Consumer Reports testou 284 pacotes de camarão cru congelado e encontrou 60% contaminados com bactérias, incluindo E. coli e vibrio, que podem causar intoxicação alimentar, diarreia, desidratação ou até mesmo a morte.

Falta de higiene na hora de embalar

Em diversas instalações, os camarões são embalados em condições anti-higiênicas.

Este relatório da Bloomberg denunciou precariedade e falta de higiene em uma instalação de processamento e embalagem de frutos do mar, localizada no Vietnã. Nela foi encontrado muito lixo no chão da fábrica, camarões armazenados em temperaturas inadequadas, em recipientes de plástico imundos, rodeados por moscas e conservados em gelo feito com água da torneira local, que havia sido considerada insegura pelas autoridades de saúde pública devido à contaminação microbiana.

Contaminação por metais pesados

E se o camarão criado em tanques artificiais está cheio de antibiótico, o capturado na natureza não está muito melhor, pois pode estar contaminado por metais pesados por causa da poluição das águas.

Um desses metais pesados é o cádmio, que ao penetrar nesse animal aquático, fica concentrado em sua carne e principalmente em sua cabeça.

É por isso que você nunca deve chupar a cabeça de camarão e outros crustáceos

O cádmio é tóxico para o nosso corpo, principalmente para os rins.

Carne de camarão é remosa

O camarão é comumente considerado um alimento remoso.

Alimento remoso é aquele rico em proteína e gordura animal, açúcares e sal, que é potencialmente prejudicial à saúde, já que o excesso de seu consumo pode exacerbar o processo inflamatório

Outro fator que contribui para o camarão ser prejudicial à saúde é que ele contém um polissacarídeo denominado quitosana, que apresenta toxicidade e contribui para o organismo ficar mais suscetível à inflamações e intoxicação.

Entenda como isso se dá com a explicação da nutricionista Ana Luisa Duque Vieira, dada ao site Minha Vida:

“Após a ingestão do alimento remoso, a proteína e a gordura entram na corrente sanguínea e invadem as células responsáveis pelas reações alérgicas.
A reação de defesa é imediata, ou seja, os anticorpos atacam os invasores com disparos de histamina, que provoca coceira e inflamação.”

Consumo de camarão contribui para o aumento do colesterol

O consumo de camarão promove o aumento do colesterol.

Para se ter uma ideia, uma porção de 100 gramas de camarão (4 ou 5 camarões) contém 152 miligramas de colesterol. Dessa forma, apenas 2 porções de camarões já ultrapassam a dose diária recomendada de 300 miligramas de colesterol.

Os prejuízos ambientais da pesca de camarão

A carcinicultura (criação comercial de camarões) contribui para o aquecimento global

Criar camarões de forma artificial pode ter menos custo para quem produz, entretanto, gera grandes prejuízos para a natureza:

Destruição dos manguezais

A carcinicultura dos principais países produtores de camarões, como Tailândia, Equador, Indonésia, China, México e Vietnã já causou a destruição de até 80% dos manguezais desses países, pois eles são eliminados para serem ocupados por criadouros de camarões.

A destruição dos manguezais, leva aos seguintes problemas ambientais:

o aumento das temperaturas
a ocorrência de catástrofes ambientais como: tsunamis, degelos da camadas polares e outros desequilíbrios ambientais
morte de peixes e outros animais marinhos

Poluição química

Outro grave prejuízo que a carcinicultura pode trazer é a poluição química.

Sobre isso, o pesquisador Enric Sala traz o seguinte esclarecimento:

“Nas lagoas (do sudeste asiático), colocam os filhotes de camarões e, para evitar que as larvas de mosquito os comam, jogam uma camada de diesel para que os mosquitos não botem ovos na água. Depois jogam pesticidas para que não cresçam algas.”
“Quando os camarões estão grandes, esvaziam a lagoa e os camarões ficam impregnados de toda essa sujeira.
Em alguns casos, acrescenta-se corantes para terem um tom mais laranja. E depois de cinco anos, as lagoas ficam tão salobras que os produtores vão cortar mangues em outro lugar.”

Leia também:

O intrigante caso dos camarões com cocaína no Reino Unido

Prejuízos aos animais

A pesca do camarão é uma grande indústria global, com mais de 3,4 milhões de toneladas de animais capturados por ano, principalmente na Ásia.

As taxas de captura acidental são excepcionalmente altas durante a pesca de camarão.

Pesca por arrasto: a captura acessória de outros animais marinhos

O camarão capturado na natureza é frequentemente colhido por arrasto, processo pelo qual redes gigantes são arrastadas ao longo do fundo do oceano para recolher o maior número possível de camarões.

Esse processo faz com que ocorra a “captura acessória ou acidental” de outros animais marinhos, como:

De acordo com o The New York Times, para cada quilo de camarão capturado, 3 a 15 quilos de outra vida marinha também acabam sendo capturadas nessas redes.

De acordo informações do WWF, a captura acessória provoca por ano, as mortes de:

300.000 pequenas baleias e golfinhos
250.000 tartarugas-cabeçudas, postas em perigo, e as tartarugas-de-couro, criticamente em perigo
300.000 aves marinhas, incluindo 17 espécies de albatrozes

No total, 38 milhões de toneladas de criaturas marinhas são capturadas não intencionalmente.

Isto representa 40% do pescado mundial.

Uma grande quantidade destes animais são lançados de volta ao mar mortos, moribundos, gravemente feridos ou jogados em terra.

Os danos da carcinicultura para os animais

Além da pesca por arrasto, outra forma de se obter o camarão é através da carcinicultura (criadouro de camarões).

A carcinicultura é fatal para os camarões, mas também para os peixes, porque são necessários até 3 quilos de peixes capturados na natureza para alimentar e produzir um único quilo de camarão cultivado. Esse é um dos motivos pelos quais as populações de peixes estão diminuindo.

O camarão é um ser senciente: sofre e sente dor

O camarão, assim como todos os outros animais, compartilha do desejo de viver.

Estudos mostraram que os crustáceos têm sistemas nervosos centrais que podem gerar sensações de dor e liberar hormônios do estresse que ajudam a alertá-los para certos perigos.

Lagostas e camarões sentem dor. Quem come deve saber isso

Espécies de camarão ameaçadas de Extinção

Este estudo, feito pelo Museum of Natural History e pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), descobriu que pelo menos 28% das espécies de camarão de água doce do mundo estão ameaçadas de extinção.

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Prejuízos aos direitos humanos

Quase todas as fazendas e fábricas de camarão estão localizadas em países onde os trabalhadores são tratados de forma antiética e muito explorados.

Esse tipo de atividade gera:

Exploração e até escravidão humana

Ao comprar camarão importado, provavelmente se está contribuindo para a exploração ou até escravidão humana.

Inclusive, já foram flagrados casos de abusos em países como a Tailândia, como denuncia essa investigação do The Guardian:

“Condições horríveis, incluindo turnos de 20 horas, espancamentos regulares, tortura e assassinatos em estilo de execução.
Alguns [homens] ficaram no mar por anos; alguns receberam regularmente metanfetaminas para manter eles nessa situação.
Alguns tinham visto outros escravos serem assassinados na frente deles.”

O papel ecológico dos camarões: eles são como os urubus

Assim como os urubus, que cumprem uma função na natureza e contribuem para o equilíbrio e limpeza ecológica do ambiente, os camarões cumprem esse papel no mar.

Os camarões comem matéria vegetal, mariscos, peixes mortos, caranguejos, vermes e qualquer outra matéria orgânica em decomposição que eles encontram.

Os camarões são habitantes do fundo aquático que se alimentam de parasitas e da pele que retiram de animais mortos.

Isso significa que cada bocado de camarão que se come vem com parasitas digeridos e pele morta.

Até por isso, algumas religiões do mundo consideram inapropriado o consumo do camarão.

Como parar de contribuir com esses prejuízos?

Através de todas as informações que foram passadas neste conteúdo, fica o alerta para quem tem o hábito de comer camarão:

Se você tem o costume de consumir camarão e quer parar de contribuir com todos estes prejuízos, existe uma maneira saudável, compassiva com os animais e que beneficia o ambiente: o Veganismo.

Através de um estilo de vida vegano é possível encontrar formas criativas de substituir alimentos de origem animal por vegetais, e ainda melhorar a qualidade da sua alimentação.

Fontes: