Alto índice de glifosato nos grãos de café produzidos pelo Brasil usados no Nespresso e Nescafé


Após verificações realizadas em grãos de café do Brasil e da Indonésia, que são utilizados pela Nestlè, foram detectados níveis de glifosato acima da média e muito próximos dos limites permitidos por lei.

O glifosato é um pesticida usado na agricultura conhecido e controverso que demonstrou representar sérios riscos para a saúde humana, pois pode danificar o fígado, afetar a reprodução e levar à formação de tumores.

Traços de glifosato são frequentemente encontrados em alimentos e preocupações relacionadas a esse composto químico, levaram muitos países à decisão de proibirem o uso de pesticidas que o contém.

Desafortunamente, o governo Bolsonaro deu sinal verde ao uso de 211 novos pesticidas na agricultura e a longa lista também inclui produtos à base de glifosato

A eliminação das restrições ao uso de pesticidas pelo presidente Bolsonaro contribuiu para o aumento da presença de glifosato nos grãos de café brasileiro, tanto para consumo interno como para exportação.

Por conta disso, o Brasil teve problemas com os países compradores de seus grãos de café, pois estes têm legislação rigorosa que impõe limites mais baixos ao uso do glifosato na agricultura.

Após as verificações dos grãos de café usados para produzir o café Nespresso e o Nescafé, a Nestlé comunicou que tomará novas medidas para garantir a redução dos níveis de glifosato nos grãos verdes que compra, colaborando com os produtores para ajudá-los a melhorar as práticas agrícolas e aumentar as verificações do café vendido aos fornecedores estrangeiros.

“Monitoramos ativamente resíduos químicos, incluindo o glifosato, no café verde que compramos. Esse programa de monitoramento mostrou que estamos fortalecendo os controles em colaboração com os fornecedores para garantir que nosso café continue cumprindo as regulamentações em todo o mundo”, disse a Nestlé, sediada na Suíça, em comunicado.

Já Edimilson Calegari, gerente geral da Cooabriel, a maior cooperativa de café do Brasil afirmou:

“Estamos trabalhando com nossos membros para reduzir o uso (glifosato) para atender aos requisitos da Europa, que são muito mais rigorosos do que a maioria dos outros países, incluindo os EUA.”

Os principais controles dizem respeito principalmente ao café vendido em países onde os limites legais para o glifosato são mais severos, incluindo os da União Europeia. Porém, essa medida de caráter momentâneo tende a ser abandonada quando as verificações nos grãos de café mostrarem quantidades de glifosato dentro dos limites permitidos por lei.

Em nota oficial, a  Nespresso declarou que:

“os cafés da Nespresso estão em conformidade com as normas europeias e outros requisitos normativos e não apresentam riscos à saúde. A qualidade e a segurança de nossos cafés são a principal prioridade para a Nespresso. Selecionamos nossos cafés cuidadosamente e utilizamos medidas rígidas de garantia de qualidade para controlar os resíduos de pesticidas.” 

Contudo, o que ficou evidenciado em todo esse contexto é que prioriza-se a qualidade do café brasileiro para exportação.

E vem a pergunta que não quer calar: e nós brasileiros, continuaremos a consumir café produzido com altos índice de glifosato?

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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