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Com todas as paredes derrubadas, não há mais arame farpado: o coronavírus é assustador, e agora os norte-americanos estão atravessando as fronteiras do México para comprar não só papel higiênico, mas também água, arroz e feijão. É isso mesmo, o México do qual muitos queriam manter distância, agora parece valer ouro.
É verdade que o sentimento desconhecido e surreal de um amanhã absolutamente incerto assusta. Isso se aplica a todos e agora os cidadãos dos EUA estão ensinando a si mesmos uma lição: diante de uma emergência de saúde, não há mais um muro divisor.
Vários moradores do estado da Califórnia estão de fato atravessando a fronteira do México para comprar água, papel higiênico e também alimentos como arroz e legumes. A rede de supermercados Costco, em Tijuana, é uma das estruturas mais populares atualmente.
Os funcionários da fábrica disseram que cerca de 600 pessoas já estavam alinhadas para entrar uma hora antes da abertura na terça-feira passada.
Workers at a @Costco-Tijuana believed as many as 600 shoppers had been turning up mornings by 10a.m. over recent days. They came to that # because the store only has 600 shopping carts and by 10a.m., all of those appeared to have been taken #TPTragedy https://t.co/qQiBHsCJAt
— Scott Alves Barton, MrOkra@mastodon.world (@MrOkra) March 19, 2020
De acordo com relatos da mídia local, um grande número de clientes norte-americanos procurou itens que já estão em falta nos Estados Unidos, devido à emergência causada pelo coronavírus.
https://twitter.com/michelemeillon/status/1240413086185480192
No entanto, as escolas fecham em todos os lugares, o bloqueio é coisa de todo mundo, a corrida para os supermercados não tem cores ou olha para raças e idades. Essa corrida dos norte-americanos aos supermercados mexicanos é um paradoxo totalmente moderno.
De acordo com informações do BBC News Brasil, em outros lugares como Reino Unido, por exemplo, as pessoas correram para os supermercados e esvaziaram as prateleiras. Dentre os itens mais comprados, o papel higiênico foi um deles.
Mas por que essa obsessão pelo papel higiênico? O autor do livro The Psychology of Pandemics, Steven Taylor, explica que a relação do público com o papel higiênico se dá pelo fato das pessoas ficarem sensíveis às infecções e o papel higiênico representa um item de segurança.
Segundo Taylor, o papel higiênico é visto como algo que evita coisas nojentas:
“O papel higiênico virou um símbolo de segurança, embora não vá impedir que as pessoas sejam infectadas pelo vírus. Mas quando as pessoas ficam sensíveis a infecções, aumenta a sensibilidade delas para o que é nojento. É um mecanismo para nos proteger de patógenos”.
Além disso, as pessoas estão sendo motivadas a fazer esse tipo de compra exagerada, por causa das imagens vistas nas redes sociais. A pandemia de Coronavírus, na opinião de Taylor, é chamada de “infodemia”, pois as imagens de corredores e prateleiras vazias viralizam nas redes e as pessoas imaginam que ficarão sem suprimentos básicos.
O grande problema é que as pessoas só fazem o que as outras estão fazendo, assim como lavar as mãos corretamente. Essa é uma das recomendações para evitar o Coronavírus, mas as pessoas só lavam as mãos demoradamente quando vêem alguém fazendo. Do contrário, elas esquecem. É o tal do “efeito manada“, dizem os especialistas.
Segundo os especialistas, não é hora para pensar apenas em si próprio e acabar com os produtos das prateleiras, principalmente com o álcool gel e o papel higiênico. O mais correto e útil a se fazer, é uma lista com os itens necessários de acordo com um período de pelo menos 40 dias, mas não exagerar nas quantidades, pois o Coronavírus vai embora e o estoque de álcool gel ficará.
O ideal nesse momento é ajudar aqueles não podem sair para fazer suas compras, pois precisam ficar em isolamento. Ou mesmo aqueles que não tem condições de comprar os itens básicos de saúde e higiene.
https://www.facebook.com/brasildefato/photos/pcb.2996288253752452/2996287063752571/?type=3&theater
“Temos que lembrar que não é sobre nós, é sobre todo mundo”, finaliza Taylor.
Sobre os Estados Unidos e o México, ficou claro o bordão: “O mundo dá voltas”, não é mesmo? Mas, e se fosse o contrário? Já sabemos a resposta…
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Categorias: Consumir, Consumo consciente
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