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Já sabemos que o microplástico é um grave problema ambiental. Eles estão presentes em corporais, roupas de tecidos sintéticos e até mesmo o carnaval virou um espaço para discutir a questão, já que o glitter usado nas fantasias contém milhares de micropartículas de plástico. O microplástico também é gerado através da decomposição do próprio plástico que vai se tornando cada vez menor. É uma praga difícil de combater e os oceanos estão entupidos com esse material. Acredita-se inclusive que o plástico esteja entrando em nosso organismo porque estaria presente no sal de cozinha e no , que infelizmente se alimenta também de plástico.
Como se já não fosse suficiente todo esses problemas citados, a Organização Mundial de Saúde (OMS) quer analisar a presença de plástico na água que bebemos. Essa análise deve-se à descoberta de micropartículas de plástico na água engarrada. Elas foram encontradas em um teste feito com 250 garrafas de água de 11 fabricantes. O material foi encontrado em 93% das garrafas analisadas.
Hoje não há estudos suficientes que comprovem o impacto dos microplásticos para a saúde humana e, por isso mesmo, a OMS quer investigar o que a ciência sabe sobre isso.
De acordo com o coordenador do trabalho global da OMS em água e saneamento, Bruce Gordon, o interesse da organização é saber o efeito a longo prazo da ingestão de partículas de plástico sobre o corpo humano. “O público está obviamente preocupado se isso vai deixá-los doentes no curto prazo e no longo prazo”, disse ele à BBC.
Gordon explica que, em geral, há um limite ‘seguro’, mas é preciso definir isso entendendo qual concentração é considerada perigosa.
O teste com as águas minerais foi feito na Universidade Estadual de Nova York pela Orb Media, uma organização jornalística sem fins lucrativos. As garrafas examinadas são oriundas de nove países diferentes, de cinco continentes. Descobriu-se uma média de dez partículas de plástico por litro, cada uma maior do que a espessura de um fio de cabelo.
No mundo todo, são 300 bilhões de litros de água engarrafada. As garrafas de todas as marcas continham plástico. O alarmante desse teste é que ele consta algo óbvio, mas que muitos de nós não paramos para pensar: o plástico tornou-se um material onipresente em nossas vidas e, agora, está presente em algo vital para nós: a água.
As marcas marcas avaliadas pelo teste global foram:
– Aquafina
– Aqua
– Bisleri
– Dasani (coca-cola)
– Epura
– Evian
– Gerolsteiner
– Minalba
– Nestlé Pure Life
– San Pellegrino
– Wahaha
As águas receberam um tipo de corante chamado Nile Red, que detecta a presença de plástico na água do mar. Esse corante adere a pedaços de plástico que se tornam fluorescentes sob certos comprimentos de onda da luz.
O pesquisador Andrew Mayes, da Universidade de East Anglia (Reino Unido), um dos pioneiros na técnica do Nile Red, garante que o teste é uma “análise química de alta qualidade”.
À pergunta “de onde vem o plástico?”, a resposta é óbvia: do polipropileno usado nas tampinhas de garrafa. Ao abrir-se uma garrafa, as partículas são derramadas na água.
As empresas submetidas ao teste defendem-se afirmando que os seus produtos passam por rigorosos testes de segurança e qualidade. Elas dizem, ainda, que não há regulamentação específica sobre microplásticos, logo não há métodos padronizados de testes para detectá-los.
A professora de química da Universidade de Nova York que conduziu análise, Sherri Mason, diz que há partículas de plástico em vários tipos de produtos: cerveja, sal marinho, frutos do mar e, até mesmo, no ar!
O que os cientistas precisam ser capazes de esclarecer é o quanto os microplásticos podem ser prejudiciais. Muitos deles são tão pequenos que podem atravessar o revestimento do trato gastrointestinal e serem conduzidos para todo o corpo, sem que se saibam as suas implicações para órgãos e tecidos.
A BBC tentou entrou em contato com as 11 empresas para ouvir a sua versão dos fatos. Uma delas é a brasileira Minalba, que disse que o processo de extração e envase da água da fonte mineral Água Santa, localizada em Campos do Jordão (SP), segue todos os padrões de qualidade e segurança exigidos pela legislação brasileira, “refletindo, com rigor, a manutenção das propriedades minerais vindas da natureza”.
Já a gigante Nestlé explicou que vem realizando testes próprios para detecção de microplásticos há dois anos, os quais não encontraram vestígio do material acima do esperado.
A Coca-Cola, que é proprietária da Dasani, afirma cumprir rigorosos padrões de qualidade na indústria com um “processo de filtração multipasso”.
E a Danone, fabricante da Aqua e da Evian, não quis comentar o teste porque, segundo a empresa, a metodologia usada “não é clara”, mas afirmou que as suas garrafas têm qualidade de embalagem alimentar.
Difícil pensar em uma solução a ser adotada individualmente. Claro que em nossas casas podemos usar filtros de barro e ferver a água da torneira, mas, em algum momento, acabamos tomando água engarrafada.
Parece que a nós resta esperar os resultados de mais testes e a implementação de controles mais rigorosos.
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Categorias: Consumir, Consumo consciente
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