O Preço das Devoluções na Amazon: Quem Paga é o Planeta


A Amazon, com sua conveniência incontestável, abriu as portas para um universo de compras pela internet, onde desde utensílios de cozinha até eletrônicos sofisticados estão a apenas alguns cliques de distância. Essa gigante norte-americana, que foi fundada por Jeff Bezos em 1995 e agora é uma presença global, oferece uma experiência aparentemente à prova de erros, até mesmo quando se trata de devoluções – se um produto não atender às expectativas, devolvê-lo é fácil e gratuito para os consumidores. No entanto, por trás dessa conveniência, está um ônus significativo para os varejistas e para o nosso precioso meio ambiente.

©Daniel Eledut/Unsplash

©Daniel Eledut/Unsplash

Devoluções gratuitas SQN

A incrível facilidade de devoluções gratuitas, enquanto atrai os consumidores, coloca um fardo considerável sobre os varejistas e o ecossistema. Segundo a National Retail Federation, nos Estados Unidos em 2022, os consumidores devolveram cerca de 17% das mercadorias adquiridas, totalizando uma impressionante quantia de 816 bilhões de dólares. Isso significa que, para cada bilhão de dólares em vendas, os comerciantes perdem 165 milhões em devoluções. Além do impacto financeiro, esse processo de devolução também gerou cerca de 24 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono, que contribuem para as mudanças climáticas.

O ciclo começa quando um consumidor encomenda um produto, digamos, uma camisa. A equipe da Amazon entra em ação, retirando o item do armazém, empacotando-o e enviando-o para um centro de triagem. Lá, ele se une a outros pacotes destinados à mesma área. Uma van assume a responsabilidade de entregá-lo diretamente à porta do cliente. No entanto, se o consumidor não ficar satisfeito com o produto e decidir devolvê-lo, o ciclo é revertido, criando um trajeto de viagens prolongado e poluente.

Um círculo de desperdício

Essas devoluções frequentes têm consequências significativas. O transporte de itens de volta para os centros de distribuição gera custos substanciais para os varejistas. Além disso, os caminhões, navios e aviões utilizados para essa jornada emitem gases poluentes enquanto percorrem centenas ou até milhares de quilômetros. Até mesmo o processo de desembalar e inspecionar produtos devolvidos gera resíduos, resultando em um círculo de desperdício difícil de ignorar.

Portanto, a chamada para uma maior consciência é essencial. Há uma década, os clientes eram responsáveis por pagar pelas devoluções pelo correio. No entanto, a Amazon revolucionou o jogo, introduzindo devoluções gratuitas, um movimento que forçou outros varejistas a seguirem o exemplo para permanecerem competitivos. Mas enquanto essa facilidade parece benéfica, as perdas e os impactos ambientais são reais.

Virando o jogo…

Algumas abordagens têm sido adotadas para mitigar esses problemas, como prazos de devolução mais curtos, fotos e vídeos de alta qualidade para retratar produtos com precisão e provadores virtuais para reduzir os retornos de roupas.

A própria Amazon está adotando medidas para reduzir as devoluções das compras online, considerando cobrar uma taxa aos clientes para conter devoluções excessivas. A empresa também começou a marcar produtos “devolvidos com frequência” em seu site.

Outras varejistas, como Zara e H&M, também estão implementando taxas de devolução para enfrentar esse desafio.

Consumo consciente

Muitas vezes, a conveniência das compras online é atraente, especialmente quando certos produtos não estão disponíveis localmente, dependendo da região em que alguém mora. No entanto, o verdadeiro consumo consciente  envolve não apenas escolher cuidadosamente onde comprar, mas também a prática de adquirir menos e favorecer os pequenos produtores, as lojinhas do bairro. Priorizar essas escolhas contribui para uma economia mais sustentável e apoia a comunidade próxima, promovendo um impacto positivo tanto no ambiente quanto na economia local.

Saiba mais: 

Fontes: 

  1. La Repubblica
  2. CNN

Talvez te interesse ler também:

Amazon sufoca o meio ambiente: 270 mil toneladas de lixo em 2020

Uberização no campo: como o modelo de negócio da Amazon está invadindo o mundo rural

O que é delivery sustentável? Não se deixar enganar!




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Compartilhe suas ideias! Deixe um comentário...