A onça-pintada é um dos símbolos da fauna brasileira. Entretanto, tal status pode deixar de ser, pois esse, que é o maior felino das Américas, está criticamente ameaçado de extinção na caatinga, onde se estima que haja apenas 250 indivíduos.
Nos já havíamos alertado sobre a ameaça de extinção da onça-pintada em seu bioma natural, a Mata Atlântica, onde, em 2016, havia apenas 300 indivíduos da espécie:
A onça-pintada é um animal carnívoro que pode chegar a pesar 135 quilos e a medir 75 centímetros de altura. Nos Estados Unidos, o animal já foi considerado extinto e aqui no Brasil está em situação de extrema vulnerabilidade.
Segundo o G1, a fim de preservar o animal na caatinga, o governo federal criou, em 2018, o Parque Nacional do Boqueirão da Onça, que tem 347 mil hectares, e a área de proteção ambiental (Apa), com 505 mil hectares.
A Lista Vermelha da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN) vem tratando a onça-pintada (Panthera onca) como uma questão de prioridade. A manutenção da espécie está relacionada diretamente ao bioma em que vive.
As onças são animais territorialistas, podendo ocupar até 495 km². Entretanto, 50% da área de vegetação nativa da caatinga já foi devastada, de acordo com pesquisadores.
Rogério Cunha, coordenador substituto do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), ligado ao Ministério do Meio Ambiente, explica que:
“É uma espécie ecologicamente importante porque é topo da cadeia alimentar. A extinção desta espécie leva ao aumento de outras, que antes eram suas presas, e provoca o desequilíbrio ambiental”.
Cunha conta que, no interior de São Paulo, fazendeiros locais mataram onças-pintadas porque elas atacaram o gado de suas fazendas. A morte das onças provocou o aumento do número de capivaras na região. Ou seja, toda uma cadeia é afetada quando um de seus elos se fragiliza.
“As onças foram acompanhadas com coleiras [de monitoramento]. Com isso, vimos que as que foram para as áreas secas [após o alagamento] começaram a atacar o gado, porque as presas que ela comiam morreram afogadas no lago [da hidrelétrica]. Os fazendeiros passaram a matar as onças. A população de capivaras aumentou de forma assombrosa [porque não tinha mais onças para caçá-las], passaram a comer as plantações, aumentaram os casos de febre maculosa [transmitida pelo carrapato-estrela, que se hospeda na capivara]. Foi um efeito cascata“, relata Cunha.
Entre as principais causas que ameaçam a espécie estão a devastação ambiental e a agricultura nos biomas (criação extensiva de rebanhos de ovinos, caprinos e bovinos). À medida que o homem adentra os biomas, as onças se afastam.
O animal, além de muito sensível à presença humana, necessidade de grandes áreas nativas para sobreviver. Trata-se de uma espécie solitária que precisa de bastante espaço.
Outro problema que o animal enfrenta é a “má fama”. Na caatinga, os rebanhos de ovinos, caprinos e bovinos ficam soltos, alimentando-se de mata nativa. Muitos animais acabam se afastando do rebanho e os criadores descontam suas perdas nas onças.
Por isso, um projeto da Pró-Carnívoros vem tentando convencendo produtores a fazerem a criação semi-intensiva, com áreas delimitadas para os rebanhos.
O ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), desde 2012, mantém o Plano de Ação Nacional para Conservação da Onça-Pintada.
Apesar de todos os esforços, o desafio é muito grande para manter a onça-pintada viva e preservada.
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