Palmito – Alimento de mil benefícios, mas que também Pode Fazer Mal!


Os índios, bem antes dos portugueses pisarem no Brasil, já consumiam palmitos cozidos em água. Pero Vaz de Caminha, em virtude da “descoberta” do Brasil, escreveu ao rei de Portugal sobre a beleza das nova terra conquistada e deixou registrado o prazer de ter saboreado muitos palmitos.

O palmito é um ingrediente muito apreciado que agrada o paladar, e é bem versátil para incrementar vários pratos e receitas culinárias.

Vamos saber mais sobre esta iguaria de textura macia e sabor suave.

Informações que serão passadas sobre o palmito:

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O que é, origem

O palmito é um alimento obtido do “miolo” da palmeira. Trata-se de um cilindro branco contendo, em seu interior, camadas de fibras enroladas de textura macia e um tanto lisa.

Com esse cilindro se faz o palmito, para isso, se corta, fatia, cozinha e conserva em salmoura, para que seja consumido frio, acompanhando saladas ou cozidos em uma gama de receitas.

Atualmente, o Brasil produz 85% de toda a produção, em nível mundial. Infelizmente, pelo palmito ser uma alimento saboroso e atrativo para o paladar, a grande demanda de produção e consumo desencadeou muito extrativismo exploratório das árvores dos diversos tipos de palmito, provocando desmatamento e degradação ambiental.

A árvore do palmito, tipo juçara, cobria mais de um milhão de metros quadrados, na Mata Atlântica, em todo o litoral brasileiro. A exploração excessiva fez com que ficasse em risco de extinção, uma vez cortado o caule para a extrair o palmito, a planta morre. Essa palmeira leva 12 anos para crescer e, de seus 15 metros de altura, somente 80 cm são utilizados para extração do palmito.

Por isso, na atualidade, esse palmito é cultivado de forma sustentável. Outras espécies de palmito são o pupunha e o açaí. O pupunha é mais fácil de produzir de forma sustentável, pois leva dois anos para se desenvolver e se adapta às diversas regiões do país. O palmito-pupunha tornou-se uma alternativa para minimizar a ameaça de extinção do palmito-juçara.

Na Amazônia, esses palmitos dominam os mercados, no período que vai de janeiro a abril, em virtude de sua colheita.

A árvore do palmito

As árvores dos principais tipos de palmito são:

A árvore do palmito-juçara (Euterpe edulis) é encontrada nas áreas que abrangem desde à Bahia até o Rio Grande do Sul. Essa árvore tem altura 10 a 20 m de altura e 10 a 20 cm de diâmetro; folhas de 1 a 1,5m de comprimento, que ficam pendentes e têm bainhas de coloração acastanhada. A base das folhas formam o palmito.

Seu habitat se dá em regiões úmidas e sombreadas da Mata Atlântica, exceto em áreas de manguezais.

Sua propagação ocorre por sementes.

A árvore do palmito-pupunha (Bactris gasipaes) tem troncos múltiplos (touceira) com 10 a 20 m de altura, de 15 a 25 cm de diâmetro, cilíndricos. As folhas pinadas, de 3 a 4 m de comprimento e de coloração verde-clara. Os frutos são ovoides, amarelo-avermelhados, nutritivos e muito procurados por várias espécies de animais. Seu habitat é caracterizado por abrangência de mata em terra firme. A forma de propagação é através de sementes.

O açaizeiro (Euterpe oleracea) é uma palmeira natural da região Norte do Brasil, encontrada nas regiões pantanosas dos estuários dos rios Amazonas e Tocantins e de outros rios da mesma região. Dessa árvore, além do palmito-açaí, se utiliza seu fruto, de cor roxa e muito nutritivo, na confecção de alimentos e bebidas. Com o risco de extinção do palmito-juçara, se passou a dar mais importância ao palmito-açaí.

O açaí desenvolve-se em touceira, e é possível extraí-lo sem a eliminação da árvore, pois a touceira se regenera à cada colheita. A palmeira açaí é típica de floresta, tolera sombra e seu plantio favorece a recuperação de áreas desmatadas, possibilita a reutilização do solo e o cultivo sustentável. O açaizeiro é uma palmeira muito ecológica, sendo uma alternativa agrícola, para a produção de palmito-açaí.

Tipos de palmito

Existe significativa variedade de palmitos, segue a lista das mais conhecidas e consumidas:

  1. Palmito-pupunha: o mais comum e presente no mercado e é o mais sustentável, pois, possibilita o plantio e replantio em um curto espaço de tempo e a palmeira não morre, ao ser cortada. É fioso,com miolo macio, tem sabor suave e possui baixo teor calórico. Não costuma escurecer, pois não possui antioxidantes, por isso, é ideal para saladas e pratos nos quais o palmito é consumido cru.
  2. Palmito-juçara: em ameaça de extinção, devido à extração excessiva e ilegal. O palmito-juçara é nativo da Mata Atlântica. Geralmente, é mais vistoso e carnudo que os outros palmitos. Para produzir o palmito-juçara, aproveita-se somente 10% da palmeira, que morre ao ser cortada. O replantio dessa palmeira demora cerca de dez anos até o desenvolvimento de uma planta adulta.
  3. Palmito-açaí: uma alternativa de consumo no lugar do palmito-juçara. O palmito-açaí é macio e suculento, parecido com o juçara. É nativo da Mata Atlântica e começou a ficar mais evidenciado no mercado quando o juçara entrou em ameaça de extinção. A extração do palmito-açaí é menos nociva do que a extração do juçara, já que cada touceira de açaizeiro possui de 4 a 5 caules, contribuindo para que a extração ocorra, alternadamente, entre as árvores de palmito. É um tipo de palmito bem presente no mercado.
  4. Palmito-real: sabor leve e delicado, o palmito da palmeira real é menos comum, mas é um produto de textura macia, cor branca e sabor brando, entre o doce e o amargo. Oriundo da Austrália, se adaptou bem ao solo e clima do Brasil. A palmeira-real, antes era usada para fins ornamentais, mas depois se descobriu o seu palmito.
  5. Palmito-guariroba: palmito exótico, bem peculiar, sabor amargo e pouco conhecido. Este palmito tem textura firme e é bom cozinhá-lo bem, antes do consumo.

Seja qual for o tipo de palmito que você irá se consumir, é importante ter alguns cuidados, antes da escolha.

Seguem algumas dicas:

Prefira os de potes de vidro para poder conferir a aparência do palmito.

Não compre se a água não estiver límpida e transparente ou se o palmito estiver flutuando, pois isso indica falta de oxigenação, o que fará com que ele fique duro.

Ao pegar na embalagem, se a tampa estiver estufada ou amassada, há grandes probabilidades do palmito estar contaminado.

Compre produtos que apresentem registro no Ministério da Saúde e IBAMA na embalagem, isso sinaliza que o produto é ecológico e sustentável, oriundo de uma plantação planejada.

Benefícios do palmito

Saibam, agora os diversos benefícios, que além do delicioso sabor, o palmito nos confere:

  • Cicatrização de feridas: o palmito é rico em zinco, mineral com propriedades curativas que auxilia na renovação celular e, consequentemente, na recuperação de feridas.
  • Dá força ao sistema imunológico: o palmito fornece vitamina C, que age como preventiva contra gripes, resfriados e infecções.
  • Contribui para o bom funcionamento do sistema digestivo: o palmito, devido às fibras que contém, ajuda na saúde digestiva.
  • Melhora o humor: o palmito é rico em vitamina B6, que tem a função de produzir hemoglobina, contribuindo para a formação do sangue, melhora a metabolização de gorduras, proteínas e carboidratos. Esta vitamina de complexo B e mais a serotonina, contida no palmito, favorecem a melhora do humor, reduz os efeitos da depressão e desequilíios neurológicos.
  • Manutenção de peso: o palmito tem baixo valor calórico, contém fias dietéticas, que contribuem para preservar a saciedade, por mais tempo, por isso, é uma ótima pedida para dietas de emagrecimento.
  • Beneficia a saúde e disposição do nosso corpo: fonte de ácido fólico, o palmito contribui para evitar a anemia, ajuda a função cardiovascular, além de auxiliar no bom funcionamento de nosso organismo.
  • Estimula a atividade física: a riboflavina concentrada no palmito favorece a produção de células vermelhas, fortalecendo o organismo, melhorando o desempenho físico.
  • Contribui para a formação dos músculos: o palmito tem proteínas, além disso, o zinco, contido nele, atua no metabolismo das proteínas, nutriente fundamental para a formação dos músculos.
  • Bom na prevenção e tratamento de diabetes: as fibras que constituem o palmito favorecem a prevenção à diabetes e aliado às outras propriedades, é uma boa opção alimentar para a dieta de quem tem diabete.
  • Ajuda no equilíio da pressão arterial: o palmito possui potássio, que é um mineral que beneficia a saúde do coração, auxiliando no controle da pressão arterial, além de regularizar a frequência dos batimentos cardíacos.

O palmito pode fazer mal

O palmito pode se tornar muito perigoso se não for fabricado em condições de higiene adequadas, com qualidade e de forma legal. Desafortunadamente, 80% da produção de palmito é clandestina e predatória.

Esses fatores colocam em risco a saúde dos consumidores, além de provocar o desequilíio ambiental, podendo provocar a extinção dessa espécie vegetal.

A conserva de palmitos produzida em condições inadequadas pode causar o botulismo e deixar graves sequelas ou ser fatal.

Tudo isso, leva à necessidade do consumo seguro e criterioso do palmito em conserva.

Seguem algumas informações que podem contribuir para o consumo mais confiável do palmito em conserva. Na hora de comprá-lo, verifique na embalagem os seguintes itens:

  • Tipo de palmito
  • Informação se é palmito cultivado
  • Lote e data de fabricação e de vencimento
  • Registro do Ministério da Saúde (MS) e do IBAMA
  • Informações nutricionais e de conservação do palmito
  • Telefone de contato da empresa produtora e CNPJ da mesma

Se faltar alguma dessas informações na embalagem, procure outra marca com todos esses itens acima.

Adquira palmito de procedência comprovada e confiável, em prol de sua saúde e do meio-ambiente!

Outro aspecto importante que é preciso levar em conta, é não consumir em excesso o palmito em conserva, devido ao teor de sódio, por conta da salmoura.

Vale salientar que o sódio, em demasia, desencadeia retenção de líquido, em nosso corpo, e pode desequiliar a pressão arterial.

Entenda o motivo disso:

O sódio, na proporção adequada é benéfico para o organismo, pois serve para transporte de nutrientes, como o cálcio, para o interior das paredes dos vasos sanguíneos. Em excesso, o sódio aumenta a espessura dos vasos e as contrações deles aumentam, elevando o riscos de problemas arteriais e doenças cardiovasculares.

O corpo recebendo grande quantidade de sódio, irá precisar de mais água para eliminar essa substância, podendo ocorrer um desequilíio entre ingestão e excreção desse componente, desencadeando a retenção de líquido e, por consequência, o inchaço. Por isso se recomenda consumir o palmito em conserva, sem exagero.

Bem, agora com estas informações e sabendo consumir, de forma consciente e segura esse alimento, vai ficar muito mais prazeroso, seguro e saboroso degustar o palmito de diversas formas, seja em saladas, pizzas, empadas, pastéis, tortas e panquecas ou, até, puro mesmo, pois, de todo jeito é uma delícia!

Fonte foto capa




Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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