Dietas restritivas fazem mal à saúde


Muitos de nós já fizemos vários tipos de dieta e nos sentimos fracassados porque escapamos dela. Esse tipo de sensação provocada por dietas restritivas tem uma explicação científica.

Sophie Deram, nutricionista com doutorado em endocrinologia pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora em obesidade infantil e transtornos alimentares, explica que uma pessoa que retira toda gordura ou carboidrato da sua alimentação, com o intuito de emagrecer, está agredindo o seu corpo.

As dietas restritivas desregram o organismo, porque o apetite aumenta depois que a dieta acaba.

Sophie alerta que, no laboratório de transtorno alimentar onde ela atende, a maioria das pessoas com problemas como bulimia e aronexia começaram fazendo dieta restritiva.

Claro que o excesso de gordura pode ser um indicador de problemas de saúde. Mas, na saúde da mulher, é normal ela ganhar gordura na adolescência. Aliás, o corpo feminino funciona melhor quando tem um pouco de gordura.

Quando se faz dieta restritita, o cérebro fica com mais vontade de comer. Como é preciso controlar o que se come, isso aumenta o apetite e o desejo pelo “alimento proibido”, podendo causar compulsão alimentar.

A melhor técnica é aprender a lidar tranquilamente com a comida, porque a fome, nem sempre, está sob o nosso controle, por ser uma função biológica.

O fracasso das dietas se dá porque o cérebro não permite que você se restrinja por muito tempo, o que leva as pessoas a acharem que fracassaram na dieta, ficando com a autoestima baixa.

A restrição faz até com que as pessoas engordem a longo prazo. Fisiologicamente, o corpo tende a engordar mais nos casos de restrição alimentar. Portanto, cientificamente, a dieta restritiva não funciona.

A saída para emagrecer é mudar o comportamento. O ser humano se nutre de alimentos e, também, de emoções. A parte psicológica num tratamento para se chegar a um peso saudável é fundamental. Comer conscientemente é estar atenção às sensações do corpo. Quem faz dieta restritiva tende a comer mais quando se sente triste, por exemplo, e não por fome.

Alimentar-se é um autoconhecimento. Devemos comer com rotina e de forma equilibrada, respeitando a nossa fome. Devemos, também, comer mais saudavelmente, evitando alimentos processados e ingerindo mais legumes e verduras.

A perda de peso rápida tende para o fracasso. O caminho é mais lento, porque precisamos aprender a respeitar o nosso corpo, o que leva tempo.

Sophie diz que as pessoas chegam com muitas crenças a seu consultório, como não poder comer carboidrato à noite. É preciso reorganizar essas informações, porque em culturas como a francesa, a italiana e a japonesa come-se carboidrato à noite.

São dois momentos na vida em que o corpo humano muda: quando somos bebês e na adolescência. Na fase adulta, não devem haver tantas oscilações no peso.

Nos casos de obesidade infantil, a família é responsável pela alimentação da criança. O meio ambiente alimentar da criança deve estimular hábitos saudáveis. A criança precisa dormir e comer de maneira regular, e não sofrer restrições. A criança reprimida de comer se sente fracassada, com culpa e com vergonha de comer. Os pais devem cozinhar e estabelecer regras como comer à mesa, e não em frente ao computador, e insistir em oferecer comida saudável à criança.

Não existe uma mágica para se perder peso. Uma mudança alimentar deve vir do comportamento.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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