Já se sabia que nossos oceanos estão saturados de partículas plásticas. Também já se sabia que o plâncton, alimento fundamental para espécies marinhas, está disputando espaço com partículas de plástico que flutuam pelas águas. Agora se sabe, comprovadamente, que o sal de cozinha que usamos diariamente na nossa alimentação também está contaminado, e em uma proporção significativa.
Ou seja, em vez de temperarmos a comida com o velho e saudável sal marinho, com seus componentes minerais que tanto bem fazem aos organismos vivos, estamos temperando com microplástico.
Microplástico, ou pellets, são minúsculos pedaços de plástico com menos de 5 mm, oriundos de uma enorme variedade de fontes como resíduos industriais, roupas, produtos cosméticos e outros produtos que os usam em sua composição como também, resultam da degradação do lixo plástico no meio ambiente. Aquela sacola plástica, ou a garrafa, ou o brinquedo, que você deixou na praia, nem ligou, um dia vai começar a se degradar e suas partículas primárias, pellets, se soltaram do todo e se integrarão no meio ambiente.
Isso não ocorre somente no mar, claro. Nas águas continentais essa poluição plástica também já é bastante significativa.
Mas, isso significa, para além das tartarugas, baleias, golfinhos e aves marinhas que morrem por ingerirem plástico, significa que nós também o estamos ingerindo e cada vez mais.
O microplástico, na natureza, é um potencial de problemas para os organismos vivos pois, sua ingestão pode gerar desde bloqueio intestinal (por isso as mortes de aves e animais marinhos, que os confundem com alimentos, úlceras no estômago, a redução da absorção dos nutrientes e, provocar uma falsa sensação de saciedade, pelo volume deste no trato digestivo. Os animais morrem com fome, desnutridos porém, saciados. Por outro lado, o microplástico na cadeia alimentar dos seres vivos provoca alterações hormonais prejudiciais à reprodução, pela liberação de hormônios femininos. Nós e os outros seres vivos que os ingerimos ficaremos, cada vez mais, estéreis. Belo futuro!
Porém, isso não só acontece com a introdução de plástico na cadeia alimentar. Como afirma a pesquisadora do Instituto de Oceanografia (IO) da Universidade de São Paulo (USP), Flávia Cabral Pereira: “a superfície dos pellets pode absorver poluentes orgânicos persistentes (POPs), como PCBs (Bifenispoliclorados) e DDTs (DicloroDifenilTricloetano), contaminando os animais que os ingerem e causando problemas hormonais, o que pode acarretar em alterações nas taxas de crescimento e reprodução, inclusive levando à morte. Ainda, aditivos químicos como corantes e antioxidantes, comumente adicionados à composição das resinas termoplásticas para alterar suas características naturais e aprimorar seus usos finais, podem ser tóxicos provocando efeitos nocivos aos organismos”.
Um estudo atual sobre a quantidade de microplástico no sal marinho foi desenvolvido por Huahong Shi e seus colegas do East China Normal University. Foram pesquisadas 15 marcas de sal de mesa comum, originários de salinas por evaporação de água do mar. Também testaram sais originários de lagos e sal de rocha assim como outros, originários de depósitos subterrâneos existentes no mercado chines. E os resultados são alarmantes!
Os sais marinhos apresentam maiores concentrações de microplásticos, de 550 a 681 partículas por quilograma. Os sais de rocha apresentam as menores quantidades, de 7 a 204, podendo-se supor que estas amostras foram contaminadas durante o processamento industrial.
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Fonte e fotos: maritime-executive.com
Categorias: Alimentação, Alimentar-se
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