Comer peixe de água doce é como se contaminar por 1 mês com PFAS


PFAS são substâncias químicas consideradas eternas, pois permanecem no ambiente para sempre. Um recente estudo concluiu que comer peixe de água doce é como beber durante um mês água com altas concentrações desses poluentes perigosos para a saúde.

O estudo foi feito com peixes na natureza (não de piscicultura), que vivem nos rios e lagos dos Estados Unidos. Quem come peixe pescado portanto, corre o risco de acumular no próprio corpo altíssimos níveis de PFAS, substâncias associadas a diversos problemas de saúde.

O estudo

A equipe de pesquisa liderada por cientistas do Environmental Working Group (EWG) em Washington, concluiu após analisarem dados de mais de 500 amostras de filetes de peixe de água doce, recolhidas entre 2013 e 2015, que as concentrações médias de PFAS em filés de peixes capturados em rios e riachos eram de 9.500 nanogramas por quilograma (ng/kg); enquanto nos peixes dos grandes lagos chegava a 11.800 ng/kg.

O principal PFAS detectado foi o ácido perfluorooctanossulfônico (PFOS), cujas concentrações nos peixes representaram aproximadamente 75% do total.

Os níveis médios detectados foram 280 vezes superiores aos dos peixes vendidos em peixarias e supermercados. Ou seja, aqueles que dependem e obtêm peixes diretamente da natureza, e não aqueles que vão comprá-los nos supermercados e peixarias, são os que mais estão expostos ao risco.

Os perigos dos PFAS

São considerados desreguladores endócrinos e estão associadas a sérios problemas de saúde como infertilidade, obesidade, hipertensão gestacional, diabetes, tumores, colesterol alto, imunossupressão e muito mais.

Os PFAS estão por todo lugar, encontram-se numa multiplicidade de produtos de uso comum (revestimentos, tintas, materiais técnicos, tecidos, espumas anti-incêndio, etc). São considerados eternos pois permanecem para sempre quando são jogados no meio ambiente, contaminando solo, água e ar.

“As pessoas que consomem peixes de água doce, particularmente aqueles que pescam e comem peixe regularmente, correm o risco de níveis alarmantes de PFAS em seus corpos”, disse em um comunicado à imprensa o Dr. David Q. Andrews, principal autor do estudo.

“Eu ia pescar toda semana e comia aqueles peixes. Mas agora, quando vejo peixes, só penso na contaminação por PFAS”, acrescentou.

“Comer um peixe é equivalente a beber água contaminada com PFOS por um mês”, acrescentou o executivo do EWG, Dr. Scott Faber.

Os pesquisadores pedem para que sejam desenvolvidos métodos eficazes para eliminar os PFAS dos produtos e do meio ambiente.

Os detalhes da pesquisa “Locally caught freshwater fish across the United States are likely a significant source of exposure to PFOS and other perfluorinated compounds” foram publicados na revista científica Environmental Research.

Fontes:

  1. EWG
  2. Science Direct

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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