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Bill Gates, Leonardo DiCaprio e outros ricos e famosos estão investindo no alimento do futuro, a tal da carne cultivada em laboratório. Mas será que essa carne artificial pode causar mais problema que trazer soluções?
Propagandeada como a solução ideal para o impactante consumo de carne animal, a carne de laboratório reduziria os danos causados pela pecuária, mantendo o sabor e a aparência da carne verdadeira, sendo produzida de maneira limpa, sem crueldade animal e desmatamento.
Porém, sendo 100% artificial, criada em laboratório, super industrializada, aliás, biotecnologicamente industrializada, fica a pergunta: essa carne não faz mal à saúde?
A resposta é sim! E não só à saúde como ao meio ambiente. Vamos entender!
A carne cultivada in vitro é produzida em laboratório por meio de técnicas de bioengenharia.
Tudo começou em 2013, quando Mark Post, professor da Universidade de Maastricht e dono da empresa Mosa Meat, apresentou o primeiro hambúrguer feito de carne cultivada, como um produto da novíssima “agricultura celular”.
Resumidamente, a carne cultivada é feita isolando um pequeno número de células musculares de um animal adulto, estas, com a ajuda de hormônios, se transformam em células-tronco que se multiplicam e geram novos músculos.
Segundo seus idealizadores e apoiadores, a carne cultivada reduziria significativamente o impacto ambiental da produção da carne, bem como o risco de doenças infecciosas transmitidas de animais para humanos.
A carne cultivada também é tida como a solução mundial para o problema da fome, pois pode alimentar a população mundial que chegará a cerca de 9,5 bilhões em 2050, respeitando os animais e preservando o meio ambiente.
Tem-se que a produção convencional de carne é responsável por uma boa parcela de emissões de gases de efeito estufa (18%), uso da terra (30%), consumo global de água (8% ) e energia. Já a carne cultivada reduziria as emissões de gases de efeito estufa em 78-96% e exigiria 7-45% menos energia e 82-96% menos água.
Mas fazendo as contas certas, pesquisas mais recentes sugerem que, a longo prazo, o impacto ambiental da carne cultivada em laboratório poderia ser maior que o impacto ambiental causado pela pecuária tradicional.
Isso porque, os custos energéticos para manter as infraestruturas necessárias para a cultura de células não são baixos. Para evitar contaminações, a “fazenda de alta biotecnologia” precisa ser de um alto nível de esterilidade.
As culturas celulares são realizadas em ambientes super limpos, altamente controlados e higienizados. A esterilidade hoje é quase que totalmente garantida pelo uso de materiais plásticos, limpos e descartáveis (como nos ambientes hospitalares). O impacto ambiental da indústria da carne cultivada poderia ser comparável ao da indústria farmacêutica, e poucos estudos foram feitos para dimensionar esses impactos.
Deixando a questão ambiental de lado, e para a saúde humana? Como fica comer um alimento tão artificial como essa carne, cultivada em laboratório através de bioengenharia?
O que se coloca em questão é o uso de hormônios de crescimento nessa produção. Imagine que o animal desenvolve seus músculos de maneira natural ao longo de anos, o que em laboratório acontece em semanas com a ajuda de hormônios sexuais anabólicos, que a indústria pode nomear de “fatores naturais de crescimento”, mas cujos efeitos veremos só com o passar dos anos.
Além disso, o plástico usado para garantir a esterilidade do processo todo, também pode causar problemas endócrinos a longo prazo, como temos visto:
No ano passado, uma ação movida pelo Center for Food Safety alegava que um corante usado para fazer a carne artificial da empresa Impossible Meat pode ser prejudicial à saúde humana.
O corante em questão é a leghemoglobina de soja, usada para criar o efeito sangue na carne artificial, produzido com uma levedura geneticamente modificada, e que poderia causar a longo prazo, aumento de peso, mudança no ciclo menstrual e anemia.
Não só carne de vaca, frango, peixe, ovo, leite e até leite materno. A comida sintética está posta na mesa dos laboratórios pronta para ir à mesa do consumidor como se fosse a mais nova maravilha da tecnologia.
Tudo feito com a reconfiguração do DNA de um organismo vivo, para criar qualquer coisa de incrivelmente novo. Que medo!
Tudo bem que carnívoros queiram comer carne sem dor. Tudo bem que a população mundial tende a crescer e que precisamos pensar na segurança alimentar, bem como na manutenção dos recursos naturais para a produção de alimentos. Mas até aí, resolver tudo com tecnologias que miram no futuro pode ser um tiro no pé de um planeta que necessita dar passos para trás em busca da simplicidade perdida.
Os impactos na saúde e no meio ambiente de todo esse novo processo produtivo, no qual são investidos milhões de dólares, não estão sendo levados em consideração. Parece que estamos revendo os impactos da revolução industrial redobrados com a revolução tecnológica que se apresenta.
Para que todos tenhamos uma alimentação sustentável e saudável, é preciso colocar esse debate na mesa antes da chegada dos alimentos sintéticos.
Nós do greenMe preferimos preservar os alimentos apostando nas PANCS, no desperdício zero e na agricultura sustentável. Ninguém precisa comer carne, nem natural nem sintética.
Qual é a sua opinião sobre isso? comenta com a gente!
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Categorias: Alimentação
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