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Existem várias espécies vegetais comestíveis que, por desconhecimento, são desperdiçadas aos milhares, todos os anos.
Esses alimentos, embora pouco conhecidos, são muito nutritivos e encontrados de forma silvestre na natureza, por isso, existem em abundância.
Infelizmente, por falta de informação, esses alimentos são considerados matos e ervas daninhas não comestíveis, quando na verdade são PANCs, ou seja, Plantas Alimentícias Não Convencionais.
Conheça algumas dessas PANCs, e veja como elas podem ser melhor aproveitadas na alimentação.
Veja alguns exemplos de como as PANCs são mal aproveitadas em nosso país:
Segundo informações contidas no livroFrutas comestíveis na Amazônia, de Paulo Bezerra Cavalcante, a cada ano, são desperdiçados entre 60 e 70 milhões de toneladas do fruto mais rico em carotenoides do mundo, o buriti.
O buriti (Mauritia flexuosa) é um fruto de uma palmeira nativa da Amazônia e do Cerrado, mas que é desprezado pela indústria de alimentos.
Esse fruto possui propriedades antioxidantes que ajudam a prevenir câncer e outras doenças.
Além dessas qualidades, é um alimento versátil que pode ser consumido in natura ou como farinha, doces e pães.
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Outra PANC desperdiçada é o caruru (Amaranthus viridis) uma hortaliça que nasce de forma espontânea, é resistente a grandes variações climáticas e dispensa cuidados especiais. Por essas características é confundida com mato ou erva daninha.
O caruru pode servir como superalimento, por conta de suas folhas ricas com propriedades parecidas às do espinafre.
Ademais, as sementes do caruru são proteicas, contendo 17,2% de proteínas.
Outra planta que pode ser utilizada como hortaliça é a beldroega (Portulaca oleracea), rica em ômega-3 e vitaminas B e C, além de ter propriedades antioxidantes.
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O cará-de-espinho (Dioscorea chondrocarpa), uma trepadeira nativa das regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste. É outra PANC mal aproveitada que produz tubérculo comestível, bem parecido com o inhame.
Os tubérculos do cará-de-espinho podem ter longa durabilidade, mesmo fora da geladeira.
Para se ter uma ideia, o cará-de-espinho pode ficar armazenado por até 120 dias fora da geladeira sem estragar.
Esse tubérculo pode ser consumido frito, cozido, como purê ou farinha.
As vantagens alimentícias do cará-de-espinho são conhecidas pelas aldeias indígenas e comunidades rurais do Baixo Amazonas.
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A planta ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata) é outra espécie de PANC muito utilizada na culinária típica de Minas Gerais, que vem se tornando conhecida em todo o país sendo e a queridinha dos veganos, por ser muito rica em proteínas.
Seus benefícios estão sendo cada mais estudados pela riqueza nutricional da planta.
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©Marcelo Cavallari/Wikipedia
Outro exemplo de PANC é o babaçu (Attalea speciosa), palmeira nativa região amazônica, do Mato Grosso e de vários Estados do Nordeste, do qual derivam castanhas que podem ser consumidas cruas ou torradas, e ainda transformadas em leite ou farinha para fazer pães e mingaus.
Das sementes da palmeira do babaçu se extrai um óleo vegetal amarelo claro não secante usado em alimentos, produtos de limpeza e produtos para a pele.
Tanto a castanha como o óleo são riquíssimos em ácido láurico, uma gordura vegetal, o mesmo presente no óleo de coco e no azeite de dendê (óleo de palma)
Veja mais PANCs em:
Além do desconhecimento em relação às Plantas Comestíveis Não Convencionais, também há o desperdício das partes comestíveis descartadas dos alimentos vegetais conhecidos.
Por exemplo:
Veja mais informações de como aproveitar as partes, que comumente são descartadas, em:
Valdely Kinupp, professor do Instituto Federal do Amazonas (Ifam) em Manaus, botânico e um dos autores do livro Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil disse à BBC News que 90% do alimento mundial hoje vem de 20 tipos de plantas, embora estime-se que existam até 30 mil espécies vegetais com partes comestíveis.
Isso constitui um grande desperdício dado que o nosso país abriga entre 15% e 20% das espécies vegetais do planeta, mas segue em padrão alimentar limitado e o que é pior, consumindo mais o que é de fora, ao invés do que tem em abundância aqui dentro.
A maioria das fontes alimentares do Brasil são de origem estrangeira:
Por essa razão Valdely Kinupp afirma:
“Vivemos um imperialismo agroalimentar.”
O imperialismo agroalimentar é a dominação comercial das grandes produtoras estrangeiras de alimentos, que desencadeia o desperdício de alimentos nativos e regionais, não só no Brasil, mas também em outros países. Por isso, o padrão alimentar se torna tão restrito no mundo inteiro.
Existem algumas maneiras de parar com o desperdício alimentar; uma delas é se alimentar daquilo que temos de forma abundante na natureza, como por exemplo, as PANCS.
Veja algumas ações que podem tornar as PANCs mais conhecidas e melhor aproveitadas:
A propósito, em nosso site existem vários conteúdos sobre PANCs.
Confira estes conteúdos, em:
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Categorias: Alimentação
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