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Você conhece o Ingá e seus benefícios? Com certeza essa fruta fez parte da sua infância, ou você já teve contato com ela e nem sabe…
“Na barranceira do rio
O ingá se debruçou
E a fruta que era madura
A correnteza levou”.
Como já cantava Djavan, na bela música Correnteza, o ingá é mais comum no Brasil do que se imagina.
Nome de origem indígena, o ingá vem do tupi guarani e significa semente empapada – aludindo à acrescência que envolve a semente.
Ingá é o fruto da ingazeira, da família Fabaceae, um tipo de leguminosa arbórea nativa do continente sul-americano e central e, no Brasil, comum em regiões próximas a lagos e rios. É na Floresta Amazônica que se encontra a maior diversidade de espécies desse fruto.
Segundo Silas Garcia Aquino de Sousa, consultor e pesquisador da Embrapa, no estado do Amazonas, a planta é cultivada deliberadamente nos quintais dos agricultores familiares e é utilizada como adubação verde (processo que usa da plantação de uma espécie “intersafra” para “descansar” e “recuperar” as qualidades físicas e biológicas do solo.
As leguminosas (fabaceae) possuem aproximadamente 727 gêneros e 19.325 espécies. Só no Brasil, ocorrem aproximadamente 188 gêneros e cerca de 2.100 espécies, distribuídas em quase todas as formações vegetacionais.
E com o ingá não é diferente. Existem diversas espécies de ingá e eles mudam de nome, conforme a região em que são cultivados, mas a sua característica original é dar bagas, cujo fruto se encontra dentro, através de uma polpa branca, levemente fibrosa, adocicada e geralmente consumida ao natural.
Trata-se de um gênero com raízes populares muito antigas, como descreve o Padre João Daniel, em sua obra manuscrita entre 1741 – 1757,
“A fruta dos ingás é deliciosa não só no gosto, mas também na sua bela e regalada frescura. A sua árvore dá o fruto em umas grandes e compridas bagens de 3, 4, e quase 5 palmos quase redondas, que no feitio, e na cor, parecem na árvore cobras dependuradas, brandas e flexíveis; e por isso podem servir para dar bons açoutes nos rapazes, que por gulosos os apanham verdes. Para se abrirem estas bagens se torce. Há diversas espécies, que 4 ordinariamente só diferem em ser maiores, ou menores, mais ou menos grossos. Por dentro têm uns grandes pinhões divididos uns dos outros, como os feijões na sua bagem: estes pinhões estão envoltos em umas camisas alvas, como algodão, muito tenras, gostosas, e tão frias, que fazem lembrar as águas nevadas”.
Como dito, milhares são as espécies de ingás, e um estudo publicado pela Biblioteca Florestal da Universidade Federal de Viçosa, apontou alguns deles, os quais, resumidamente, destacamos aqui, a fim de indicar os nomes populares que são conhecidos:
Região amazônica e planícies litorâneas do Brasil.
Disseminadas pelo nosso país, são muito comuns nas beiras dos rios e planícies aluviais, preferindo solos úmidos e até brejosos.
Ingá: Inga laurina, Species Plantarum. Ocorre também nas planícies litorâneas e restingas arbóreas da costa atlântica, partindo do Ceará até o estado de São Paulo, por onde penetra no continente até a região oeste do estado do Paraná.
Ingá-feijão: Inga marginata, Species Plantarum. No Brasil pode ser encontrada em quase todos os tipos de florestas tropicais.
Ingá-mirim, ingá-feijão, ingá-xixica, ingá: Inga sellowiana Benth. No Brasil a espécie é um arbusto endêmico da costa atlântica do estado de São Paulo, nos ambientes de dunas arenosas e nas praias, próximas do mar, restrita à costa sul/sudeste do Brasil, ocorrendo nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Ingá-de-ferro, Ingá-mirim: Inga lentiscifolia Benth. Presente nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Ingá-banana, Ingá-bananinha, Ingá: Inga virescens Benth. Ocorre nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, nas florestas úmidas em altitudes de até 900 m.
Ingá peludo: Inga barbata Benth. Sudeste e sul do Brasil, nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Trata-se de uma espécie afim ao Inga ciliata, muito comum na Amazônia brasileira.
Ingá-ferradura, ingá-macaco, ingá-preto, ingá-carneiro: Inga sessilis. Restrita ao sul e sudeste do Brasil, do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul.
Ingá, ingá-ferro, ingá-vermelha. Inga-Alba: No Brasil, há registros em todos os estados, com exceção do Rio Grande do Norte.
Ingá-de-quatro-quina: Inga subnuda Salzm. Ocorre nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, aparece comumente na restinga e toda planície litorânea.
Fonte fotos: ©Hans B./Wikipedia
©Lichinga/Wikipedia
Embora o ingá tenha propriedades nutritivas e um sabor agradável, o seu fruto é consumido mais por distração do que por apreciação.
Porém, é bom saber que o ingá é rico em sais minerais, essenciais para o bom funcionamento do organismo. Sua casca é usada na cicatrização de feridas e o xarope do fruto também é utilizado no tratamento da bronquite.
Há relatos que a casca, polpa e semente são usadas na medicina popular, através de remédios caseiros.
Tribos indígenas usam o fruto contra dor de cabeça.
Com a casca do fruto pode-se fazer bochecho e gargarejo contra afta e laringite.
Do cozimento da casca é feita uma bebida contra úlcera do estômago.
A casca também é apontada como antisséptico.
Um estudo realizado por Jeremias Silva Dutra, pela FAEMA – Faculdade de Educação e Meio Ambiente, intitulado “ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DA POLPA DO FRUTO DO INGÁ-CIPÓ”, levantou que a polpa do ingá é utilizada na fabricação de xarope caseiro contra bronquite e o chá da casca é muito empregado na cura de feridas e diarreia.
Há menção ainda de que a infusão da folha da planta é usada para lavar os cabelos, impedindo a queda e o envelhecimento dos fios.
Além disso, o interior da polpa é uma boa fonte de fibra alimentar, polifenóis, antioxidantes e anti-inflamatórios.
O ingá é um fruto rico em vitamina C, açúcares, proteínas, carotenos, macro e micronutrientes como o potássio, magnésio, cálcio, ferro e zinco que são essenciais à saúde.
Além disso, possui alto valor energético, cerca de 100g de polpa do fruto há um valor energético de 53 calorias, contendo muita umidade, sendo 84,9% de água e ainda gorduras, carboidratos, fibras, fósforo entre outros.
Agora se você se deparar com essa frutinha já sabe: ela tem até em música e é boa pra muita coisa.
Aproveite!
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Categorias: Alimentação
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