Air Protein: a carne feita de ar para garantir proteína pra todos!


Uma empresa californiana está produzindo “carne” … do ar! Sim: do ar! Pode parecer bem estranho isso, afinal, ar não enche a barriga. Mas será mesmo que não?

A população mundial continua crescendo e necessitando se alimentar. Logo, um problema que se apresenta a todos é o da garantia de alimentos de boa qualidade nutricional. Se você ainda não é vegetariano ou vegano e nem cogita sê-lo, é preciso considerar alternativas para dar a sua contribuição aos problemas climáticos derivados da produção em larga escala de carne. E, talvez, essa ajuda esteja no consumo de carne de ar.

Na Califórnia (Estados Unidos), vem sendo desenvolvida uma tecnologia capaz de substituir a carne animal prescindindo de terras para pastagem, em atendimento às demandas globais de alimentos. Essa tecnologia consiste em usar o ar, ou melhor, o dióxido de carbono.

Uma ideia da NASA

Embora a ideia pareça uma novidade, a NASA já havia usado essa solução em seus primeiros voos ao espaço para criar alimentos com o composto para os astronautas. Basicamente, a técnica eliminava o CO2 acumulado na espaçonave ao mesmo tempo em que oferecia comida à tripulação.

A empresa californiana Air Protein adaptou o projeto da NASA para produzir carne do ar através de um processo que utiliza micróbios capazes de converter CO2 em uma substância proteica similar aos aminoácidos da carne. Esses micro-organismos são cultivados em tanques de fermentação, onde são alimentados com uma mistura de dióxido de carbono, água e outros nutrientes.

Da atividade metabólica desses micro-organismos, em poucas horas se obtém uma espécie de farinha com um teor de proteína de 80% que, graças ao seu sabor neutro, pode ser usado para criar substitutos de carne, enriquecer farinhas obtidas de cereais, fazer bebidas e etc.

A farinha obtida também é rica em vitaminas (incluindo a vitamina B12) e minerais, além de ser totalmente livre de resíduos de hormônios, antibióticos e pesticidas usados em fazendas produtoras de carne.

Sem falar que tudo isso é feito sem imputar sofrimento aos animais, sem usar recursos naturais, como o solo e a água, e sem poluir.

De acordo com Lisa Dyson, CEO da Air Protein:

“As estatísticas são claras. Nossos recursos atuais estão sob extrema tensão, como evidenciado pelas queimadas na Amazônia devido ao desmatamento e ao aumento constante das secas. Precisamos produzir mais alimentos com uma dependência reduzida da terra e dos recursos hídricos. A carne à base de ar aborda essas questões de recursos e muito mais”.

Alimentar 10 bilhões de pessoas em 2050

A empresa acredita que a carne produzida a partir do ar será a próxima evolução do movimento de alimentos produzidos de forma sustentável, que servirá como uma das soluções para alimentar uma população em crescimento sem sobrecarregar os recursos naturais.

Segundo a Organização das Nações Unidas, a agricultura intensiva é a principal causa de emissão de gases de efeito estufa e polui mais do que todo o setor de transporte do mundo. Também por esse motivo, as alternativas vegetais à carne se multiplicaram nos últimos anos.

A Fundação das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) prevê que os agricultores precisarão aumentar a produção de alimentos em 70%, com apenas 5% de aumento da terra para atender à população esperada de 10 bilhões de pessoas até 2050.

A questão é que as alternativas vegetais, como o feijão, a soja e outras leguminosas, também demandam terra, logo o ar seria uma alternativa que eliminaria o solo e, também, o uso de pesticidas. Aqui no Brasil, essa preocupação já atinge 14% da população, que se autodeclarou vegetariana.

É a tecnologia transformando o ar que respiramos em alimento. 

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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