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Tá tudo liberado! Pizza, macarrão, até o sorvete, o vinho, a lasanha e o nhoque! A Itália, segundo dados da OBESITY UPDATE 2017 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é o 3° país com menor taxa de obesidade do mundo, ficando atrás apenas da Corea e do Japão. Pode isso, minha gente?
Pode! Para se ter uma ideia – veja aqui a tabela do relatório – os Estados Unidos, é o país com maior taxa de obesos adultos, 38,2%, em contraposição ao seu oposto na lista, o Japão, que tem apenas 3,7%.
Na Itália, 9,8% das pessoas adultas estão obesas. No Brasil, temos 20% mas, mais de 50% da população, embora não obesa, está acima do peso.
Como se explica que o país que exportou suas receitas mundo afora se manteve magro?
A resposta é simples: para seguir a dieta italiana tem que por as mãos na massa! Ou seja, tem que cozinhar. A diferença da pizza brasileira ou da norte-americana com relação à pizza italiana, está nos ingredientes e no modo de fazer. Veja bem:
Na Itália, embora haja pizza congelada no supermercado, é difícil que alguém prefira comprá-la em vez de ir à pizzaria da esquina que vende pizza al taglio (cortada) ou tonda (redonda) feitas no local de venda, várias vezes ao dia – no caso da pizza al taglio – ou ao momento do pedido – no caso da tonda.
E que pizza é essa? Não é aquela coisa absurdamente calórica brasileira, com borda de catupiry, cheddar, (aliás o italiano médio provavelmente nunca ouviu falar em catupiry e cheddar). Eles não exageram na quantidade de queijo (mozzarella) nem no tamanho da pizza. Os ingredientes são poucos e são frescos, não é aquela coisa cheia de coisa (X Tudo) industrializada (milho, ervilha, tudo enlatado e tudo o mais que possa ser conservado).
Claro que há pizzas e pizzas no Brasil, nos Estados Unidos e no mundo. Na Itália, em casa se faz focaccia, que é uma espécie de pizza alta, geralmente temperada somente com azeite e alecrim (a focaccia branca) ou com azeite, orégano e tomate-cereja (a focaccia vermelha). Embora o italiano não faça a pizza, propriamente dita, em casa, ele não compra pizza congelada e suas pizzas são menos calóricas, tem menos queijo e ingredientes industrializados que as nossas.
Repare no quão fácil é comer carne no Brasil:
* de manhã misto quente,
* almoço se não tiver carne não é almoço: para o brasileiro até no feijão colocam bacon!
* merenda da tarde, coxinha ou qualquer outro salgado, até na mais simples das pizzas de padaria colocam presunto!
* jantar não pode faltar bife, salsicha, salame, mortadela ou qualquer coisinha light com carne moída!
Pobre brasileiro! Na Itália, os mais carnívoros dos italianos deve comer carne umas 4 vezes na semana, em uma ou outra refeição. E serão estes os mais gordos, não porque a carne engorde (embora há quem diga que sim, que engorda) mas porque é mais fácil ou prática de cozinhar. E o segredo da “magreza” italiana é justamente o cozinhar. Ao preferir comer carne, principalmente a processada, semi-pronta, rápida e prática, em vez de cozinhá-la, perde-se em saúde em detrimento de tempo ou preguiça.
Muuuuiiiito macarrão mas saiba que esse é considerado um “primo” prato, ou seja, depois do macarrão viria um segundo prato, geralmente uma verdura da estação, uma frittata (omelete), um queijo local (mozzarella, ricotta, parmigiano) ou uma carne mas, não todos os dias. O macarrão é temperado com ingredientes frescos, nunca com molhos comprados (com exceção do pesto ainda que seja fácil fazê-lo em casa) e a quantidade não deve ser enorme (100 gr aproximadamente) para que se possa degustar o segundo prato e às vezes o “contorno”, ou seja verduras, saladas que acompanham o segundo prato.
Embora haja muita gente acima do peso, assim como uma grande preocupação com o aumento de crianças obesas na Itália, o que salva ali é a cultura culinária que se passa de geração em geração. O italiano é um povo que ama cozinhar, tem sempre uma nova receita pra dar e adora falar sobre alimentação. Infelizmente com a correria do dia a dia muita gente está deixando de lado esse hábito e preferindo comprar coisas prontas ou semi-prontas no supermercado: um peito de frango empanado para fritar em casa, um risotto semi-pronto e por aí vai.
Isso é exatamente o que se faz nos países onde as pessoas não tem o hábito de cozinhar. Compram coisas prontas e semi-prontas. Na Itália porém, pelo menos em uma refeição (geralmente o jantar) tem comida caseira, feita com ingredientes frescos, genuínos e de estação. Muito macarrão com molho de tomate caseiro, não pronto, comprado. Macarrão com feijão ou outras leguminosas como lentilhas e grão de bico; risotos com ingredientes da estação, alcachofras, aspargos, abóbora, sopas no inverno e saladas no verão.
Vinho sim e todo dia, mas pouco e sempre durante as refeições. Vinho vermelho no inverno, cerveja e vinho branco ou rosado no verão. É raro ver um italiano que come e bebe coca-cola. Crianças ou abstêmios bebem simplesmente água. Essa é a cultura italiana, é água ou vinho sem meios termos de sucos e refrigerantes. Infelizmente famílias menos interessadas em saúde estão dando a seus filhos refrigerantes para acompanhar as refeições, um erro grave.
Até os sorvetes italianos – não é a toa que são uma delícia – são feitos com ingredientes genuínos e naturais. Pipocam nas esquinas das cidades, e não apenas nas grandes Roma e Milão, as famosas gelaterie artigianali ou seja, sorveterias que fazem seus próprios sorvetes com ingredientes locais, frescos e saudáveis.
O italiano médio só compra alimento genuíno italiano não obstante encontre-se nos supermercados, frutas e verduras do mundo inteiro, não apenas da União Europeia. O italiano médio olha a etiqueta e compra quando vê escrito “somente ingrediente italiano” na embalagem porque preza sua agricultura, refuta o OGM, prefere o orgânico e sabe que as leis de produção alimentícia na Itália são rigorosas e prezam a agricultura local. O italiano também busca variedade de alimentos, valoriza a sua origem bem como a sua sazonalidade. Não por acaso o movimento Slow Food nasceu naquele país.
Isso já é sabido hoje em dia. A oferta por comida barata e de péssima qualidade está levando mais gente à morte por diabetes e doenças relacionadas ao excesso de peso do que a própria fome.
O exemplo italiano é ótimo e diz bem assim: pode tudo, para manter a saúde e o peso em forma tá liberado o macarrão, pode comer sorvete, pode beber vinho, basta estar atento a comer comida de qualidade, feita em casa, variar o cardápio e evitar o tanto quanto possível, os enlatados, os industrializados, os prontos e os semi-rontos.
Mãos à massa 🙂
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Categorias: Alimentação, Alimentar-se
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