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Estudo britânico propõe caminhos para diminuir o consumo de carne o que, à primeira vista, nos leva a crer que se trata de um estudo para uma dieta mais rica em legumes, frutas e vegetais em prol de alimentação mais saudável. Nada disso. O estudo vai muito além da saúde humana. Ele propõe, literalmente, “cortar na carne” para conter o aquecimento global e as mudanças climáticas.
O nome completo do estudo é “Changing Climate, Changing Diets – Pathways to Lower Meat Consumption“, “Mudando o Clima, Mudando a Dieta – Os Caminhos para Diminuir o Consumo de Carne”, em livre tradução, e tem a finalidade de promover uma mudança global nos padrões de dieta e a busca pela redução das emissões de gases de efeito estufa.
O estudo desenvolvido pelo Chatham House (também conhecido como Instituto Real de Assuntos Internacionais) visa promover uma mudança global nos padrões de alimentação em busca da redução de emissões de gases geradores do efeito estufa, sendo necessário que os indivíduos entendam suas escolhas alimentares, bem com se sensibilizem e compreendam as alterações climáticas.
Os hábitos dos participantes de 12 países foram o foco da pesquisa e entre os países estavam, Brasil, China, Reino Unido e Estados Unidos. O estudo analisou o engajamento de cada um deles na questão sobre mudanças climáticas.
O resultado de Reino Unido e Estados Unidos indicou que a mudança climática é classificada como importante, porém altamente polarizada e sem engajamentos público e social para realizar mudanças mais drásticas.
No Brasil e na China, há um sentimento público muito forte sobre o meio ambiente, poluição e aquecimento global, mas como disse um brasileiro participante da pesquisa “você vê fumava saindo dos carros mas não dos animais”. Igualmente na China, a relação entre consumo de carne e meio ambiente não era bastante evidente e tangível para os participantes do estudo.
Ok, não vamos exagerar. Os próprios pesquisadores afirmam que o propósito do estudo não é tornar todas as pessoas do planeta em vegetarianos, mas é consenso que uma redução no consumo de carne vermelha deve ser feita.
É preciso relacionar a ingestão exagerada de carne a um aumento do risco de câncer colorretal, como anunciou a OMS no final dos mês passado. E um outro aspecto a deixar evidente, o mais importante para o meio ambiente, é que “a adoção de uma dieta ‘sustentável’ – com níveis moderados de consumo de carne vermelha – poderia contribuir com um quarto da meta global de cortes na emissão de gases causadores do efeito estufa até 2050.”
Por outro lado, a situação ficaria péssimase a humanidade aumentasse seu consumo de carne vermelha, ao mesmo nível de países desenvolvidos como o dos Estados Unidos, país onde seus mais de 300 milhões de habitantes são consumidores irrefreáveis de tudo (em média, quase 5 vezes mais do que os habitantes de todos os outros países, é como se lá tivesse uma população consumidora de aproximadamente 1,5 bilhão de pessoas, maior que da China).
Baseado nisso e muito mais, a pesquisa fez cálculos e chegou à conclusão de que o consumo global de carne deve aumentar em 76% até meados do século, e que em países industrializados já se consome duas vezes mais carne processada do que o recomendado pelos especialistas (olha um monte de “EUA” surgindo para consumir todos os recursos naturais do planeta).
Isso seria terrível em termos de mudanças climáticas, pois dados da FAO afirmam que a criação de animais para o abate, ou a produção de leite e ovos, responde por 15% das emissões globais de gases do efeito estufa – o equivalente às emissões de todos os carros, caminhões, barcos, trens e aviões que circulam mundo afora.
A digestão do gado bovino libera uma enorme quantidade de gás metano na atmosfera, um dos maiores responsáveis pelo efeito estufa. Além do efeito do desmatamento que é feito para a criação de pasto para o gado.
Há várias sugestões no estudo, mas, como ele, o foco deste artigo precisa ficar mesmo na educação das pessoas. Ações públicas, apesar de difíceis, devem ser implementadas, mas isso não depende da gente. Os governos poderiam ajudar com campanhas maciças para mudarmos a nossa alimentação (no Brasil que comemos carne mais de uma vez por dia é mais difícil ainda), mas os governos poderiam começar mudando o cardápio nas escolas públicas bem como em outras repartições públicas. Campanhas educacionais como a “Segunda sem Carne” é uma boa, mas precisam ser ampliadas.
Precisamos mesmo começar a cortar a carne, mesmo que devagar, ou seja, tirando a carne de uma de nossas refeições para ir reduzindo o seu consumo a 500 gr por semana conforme recomenda o Fundo Mundial para Pesquisas de Câncer. A ingestão de carne vermelha deve ser limitada a uma média de 70 gr por dia. Calcule o quanto você come desde o misto quente (presunto) no café da manhã, passando pelo almoço, merenda e jantar com carne moída, bife, costela e afins.
Só depende de você mudar, seja pelo bem da tua saúde, seja pelo bem do planeta!
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Fonte foto: shutterstock.com
Categorias: Alimentação, Alimentar-se
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