Nunca antes o consumo de pescado foi tão grande e dependente da produção pesqueira como nos dias atuais, especialmente para muitos membros mais pobres da nossa comunidade global. A cada ano o consumo de proteína de peixe tem crescido na população mundial, porém a produção e a pesca não têm acompanhado esse aumento no consumo. Segundo um estudo da FAO a gestão inadequada dos estoques, sobre-exploração de algumas espécies, desperdício, mudanças climáticas, entre outros, têm colocado em risco a indústria pesqueira.
No consumo mundial de proteína, a pesca é responsável por 17%, sendo que em alguns países ela é responsável por até 70%. Porém, no Brasil, seu consumo ainda é baixo, mesmo tendo aumentado nos últimos anos para 11,17 kg por habitante por ano, valor ainda abaixo do mínimo recomendado pela Organização Mundial de Saúde, que é de 12 kg por habitante por ano (dados da FAO).
Mas o crescimento mundial no consumo não tem sido acompanhado pela indústria pesqueira e alternativas como maior diversidade de consumo de espécies de peixes, desenvolvimento de tecnologias de produção de outras espécies pela aquicultura, manejo de estoques podem ajudar a minimizar impactos e aumentar a produção de pescado. A FAO sugere que a exploração da pesca busque mais diversidade de espécies e de práticas de criação, já que apenas dez espécies são responsáveis por cerca de 24% da pesca mundial, sendo que a maioria dos estoques destas, são super-explorados ou estão em seu limite.
Apesar da sobre-exploração em alta, a FAO afirma que esta tendência diminuiu nos últimos anos. Além disso, a demanda por produtos à base de pescado deve aumentar nas próximas décadas, seja por razões socioeconômicas, de saúde ou religiosas. Essa tendência vem sendo observada e, atualmente, quase metade da produção de pescado já é originada da aquicultura. Apesar de causar impacto na produção e meios de cultivo, ainda em discussão, é um meio de produção que cresce a cada ano. A FAO sugere neste sentido que se desenvolva novos meios de produção para uma variedade maior de espécies de peixes, com a intenção de diminuir a pressão sobre os estoques naturais. Um exemplo de produção crescente é cultivo do salmão, muito consumido no mundo e que já tem até uma versão geneticamente modificada para aumentar a produção e diminuir custos, o Frankenfish.
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O Brasil tem grande potencial para a aquicultura, pelas condições naturais, pelo clima favorável e pela sua matriz energética. Este potencial está relacionado à sua extensão costeira de mais de oito mil quilômetros, à sua zona econômica exclusiva (ZEE) de 3,5 milhões de km2 e à sua dimensão territorial, que dispõe de, aproximadamente, 13% da água doce renovável do planeta. Em relação às águas continentais, fazem parte desse volume as áreas alagadas artificialmente pela construção de barragens, contidas em reservatórios de usinas hidrelétricas, bem como áreas particulares para produção em viveiros de terra escavados.
Atualmente 29 espécies diferentes têm sido objeto de estudo para a aquicultura, sendo que entre elas estão 18 espécies de peixes de água doce e quatro marinhas. Todas essas espécies são representativas das diferentes regiões fisiogeográficas e exprimem o potencial e os desafios a serem enfrentados pelo setor.
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O que fica claro é que podemos fazer a nossa parte, consumindo uma maior variedade de espécies de peixes no dia a dia, em vez de comer sempre: salmão, peixe-espada, atum e sardinha.
Fonte foto: freeimages.com
Categorias: Alimentação, Alimentar-se
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