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Mergulhar nas águas da informação sobre os percebes, ou dedos de Lúcifer, nos revela um mundo curioso, desde a descrição da espécie Pollicipes pollicipes até a complexidade da colheita arriscada desses crustáceos. A crítica à valorização dessas iguarias, considerando os perigos envolvidos na obtenção e a possível falta de consciência sobre o esforço humano por trás, nos faz pensar sobre o mundo louco e desigual em que vivemos.
Percebes ou dedos de Lúcifer iguaria no prato ©Wikipedia
Percebes são crustáceos conhecidos também pelo nomes “dedos de Lúcifer”, “pé de porco” ou “trufas do mar”. Considerados uma iguaria muito apreciada na Península Ibérica, trata-se da espécie Pollicipes pollicipes, presente nas costas rochosas do Atlântico nordeste.
Possui uma estrutura única, com uma concha protetora e um pedúnculo flexível que os une ao substrato. Esse aspecto peculiar, parecendo pequenos dedos ou troncos agarrados à rocha, lhes confere o apelido de “dedos de Lúcifer”. Sua aparência estranha contrasta com o sabor que se esconde sob suas conchas.
Estes animais vivem aglomerados nas estruturas costeiras, alimentando-se por filtragem de partículas orgânicas presentes na água do mar, através de cirros especializados. A reprodução envolve um processo complexo, desde a hermafroditismo protândrico até estágios larvares náuplio e cypris, finalizando com a fixação e a forma adulta.
Percebes, ou dedos de Lúcifer, sobre um rochedo © Wikipedia
A distribuição natural abrange desde o Canal da Mancha até Cabo Verde, com populações também nas Canárias e Marrocos.
A captura para consumo humano, especialmente no mercado espanhol, levanta preocupações sobre o declínio das populações ibéricas, resultando na importação de percebes da espécie Pollicipes polymerus, provenientes do Oceano Pacífico.
A pesca desses mariscos é uma atividade perigosa, frequentemente resultando em acidentes fatais para os “percebeiros”. Na Costa Vicentina, sudoeste de Portugal, a colheita de percebes é uma prática retratada como um “negócio secreto” por quanto rentável.
Mergulhadores corajosos enfrentam as intempéries do oceano em busca dessas iguarias valiosas. A regulamentação em Portugal limita a emissão de licenças de mergulho a 80 por ano, controlando a quantidade colhida por mergulhador e os preços variam de €30 a €60 por quilo.
Diz um ditado português: “nunca dê as costas para Deus quando mergulhar em busca dos dedos de Lúcifer” sugerindo a importância de respeitar o ambiente marinho ao coletar percebes. Ou seja, os mergulhadores devem ser cautelosos e respeitosos ao colher esses animais, considerando os grandes riscos envolvidos na prática.
Os percebes são consumidos como uma iguaria em muitas partes do mundo. A preparação é relativamente simples, geralmente envolvendo apenas fervura dos crustáceos em água e sal para manter sua textura firme e sabor distintivo. São frequentemente servidos como petiscos ou entradas em restaurantes gourmet.
O custo dos percebes faz deles uma iguaria para poucos. Sua demanda elevada, combinada com o desafio logístico e de colheita, contribui para seu alto preço (cerca de 100 euros um prato).
Além disso, o prestígio associado a esses crustáceos únicos contribui para sua reputação exclusiva no mundo culinário. A experiência de comer esses crustáceos, segurando a garra colorida e retirando a casca para revelar a carne, é considerada única e autêntica pelos apreciadores do prato.
Percebes ou dedo de Lúcifer – detalhe © Wikipedia
O preço e o risco associado à colheita desse crustáceo nos faz pensar sobre o verdadeiro valor dessa iguaria cujo consumo é complexo, pois envolve esforço humano, perigos e tradições gastronômicas. Como seria saber que pessoas arriscaram suas vidas para sua experiência gastronômica? Alguns irão dizer, maravilhoso, faz do prato algo ainda mais especial. Outros simplesmente dirão que não é necessário tudo isso, com tanta oferta de alimento e tanta gente passando fome…
E você? Ficou com vontade de experimentar?
Fontes:
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Categorias: Alimentação
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