Colômbia: roubaram o rio, exterminam a nação Wayúu


A nação indígena Wayúu, na Colômbia, morre de fome e sede. Seu rio “mãe”, o Ranchería, o único rio da região onde vivem, foi represado e sua água privatizada para uso exclusivo da agroindústria e da maior mina de carvão a céu aberto do mundo.

A comunidade indígena Wayúu apresentou denúncia perante a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos – CIDH, da OEA, em Washington, pela violação dos seus direitos fundamentais e atentado à vida e espera que alguma decisão definitiva seja tomada, antes que pereçam todos.

Os Wayúu, também conhecidos como Guajiros, são a maior etnia indígena na Colômbia e Venezuela. Na Colômbia essa comunidade ocupa a bacia do Rio Ranchería, situada ao norte do país no departamento de La Guajira onde, 45% da população é wayúu.

A região de La Guajira, patrimônio dos Wayúu, é conhecida no mundo inteiro por causa dos romances de Gabriel García Marques, também ele, wayúu por parte de mãe.

Nesta região ocorre um extermínio silencioso. Os wayúu estão morrendo de sede e fome desde que seu rio foi privatizado e suas águas represadas para a agroindústria, cultivo do arroz, e a mineração de carvão (na área está a maior mineração de carvão a céu aberto)

Os wayúu denunciam que até o presente morreram de inanição e sede pelo menos 14 mil indígenas, especialmente velhos e crianças, também os mais afetados pela poluição originada pela extração do carvão.

Por outro lado, denunciam também que a pouca ajuda designada a eles pelo governo colombiano não chega até as comunidades indígenas sendo consumida pelas redes de corrupção e uso em campanhas políticas para a compra de votos, como é o caso dos 15 milhões de dólares do Programa de Alimentação e Nutrição, informam os representantes dos wayúu, Armando Valbuena e Javier Rojas Uriana.

O departamento de La Guajira tem uma população de 500 mil habitantes e, durante os últimos 20 anos, recebeu mais de mil milhões de dólares pela extração dos seus recursos naturais (carvão e gaz), porém esse dinheiro nunca chega a beneficiar as comunidades indígenas, que estão à míngua, com seus rebanhos morrendo de sede, pois a água do rio está contaminada e não há outra água na região. Também a vegetação está contaminada por uma cama gordurosa de carvão fino que se deposita sobre as folhas, por tanto nem animais nem humanos as podem utilizar para sua alimentação.

Este é o retrato que nos mostra o documentário “Mushaisha – um pesadelo Wayúu”, realizado em 2013 pela Universidade Católica de Pereira.

É neste panorama que os indígenas Wayúu, através de seu representante legal, Javier Rojas Uriana, pediram à Comissão Interamericana dos Direitos Humandos, que expedisse medidas cautelares urgentes para que esta comunidade possa recuperar o uso do seu único rio. Eles pedem que sejam imediatamente abertas as comportas da represa El Cercado, liberando as águas do Rio Ranchería para toda a região de La Guajira.

“A água do rio é um bem público que foi privatizado e a sua primeira conseqüência é o processo de extermínio em que se encontra a etnia Wayúu colombiana, sumida na miséria e abandono” argumenta a advogada Sáchica Moreno, do consultório jurídico da Universidade de Bogotá.

Leis e direitos são claros porém, não aplicados por serem conflitantes com os interesses “mais fortes” de poderosos empresários.

A realidade é que o Rio Ranchería está praticamente seco nas terras dos Wayúu, os animais domésticos, e também os selvagens, estão morrendo à míngua, assim também, os seres humanos.

Neste processo junto à Comissão de Direitos Humanos, será apresentado como prova o documentário inédito, do jornalista colombiano Gonzalo Guillén, “El rio que se robaron“, cujo trailler pode ser visto no youtube, onde são apresentados testemunhos dos fatos denunciados e imagens terríveis da realidade de La Guajira.

O custo da vida não tem preço.

A comunidade está unida na defesa da sua vida, da sua terra ancestral que é considerada mãe.

Pedem respeito, à sua vida, aos seus animais e às suas plantas.

Fonte foto: wikipedia.org




Redação greenMe

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