Crime ambiental na Serra do Espinhaço: mar de lama deixa rastro de destruição


O lamaçal da mineradora Samarco, cujas lagoas de rejeitos arrebentaram na semana passada soterrando o distrito de Bento Rodrigues, no município de Mariana, continua seu caminho de destruição. Até agora já foram 15 os municípios atingidos: 12 em Minas Gerais e 3 no Espírito Santo.

O mar de lama deixa, atrás de si, um deserto estéril. Sob o impacto da lama morreram pessoas, animais e toda a vegetação. Os rios da bacia do Rio Doce e do Vale da Velha estão condenados. A captação de água potável de muitas cidades, inclusive a de Belo Horizonte, também está afetada pela lama que transbordou.

E a lama da mineradora Samarco é tóxica? Ainda não temos informações precisas sobre sua composição química e mineral mas, por ser lama com elevado teor de ferro, e em tal quantidade, mata pelo simples fato de impedir a oxigenação das águas por onde escorre. Mata a vida dos rios, cobre os solos e também os mata, afogando toda a vida debaixo de seu manto.

Esta é uma das tragédias anunciadas na Serra do Espinhaço, região de mineração a céu aberto pertencente ao complexo minerador da Empresa Vale do Rio Doce. E a destruição segue seu curso. Já chegou ao Parque Estadual do Rio Doce.

Cerca de 15 pessoas já foram declaradas mortas em decorrência deste acidente ambiental que, a cada dia, adquire maiores proporções. Segundo denúncia do Sindicato dos Trabalhadores Metabase as perdas humanas são muito maiores já que existem, ainda, dezenas de desaparecidos e as buscas, sob a lama, não são viáveis.

– 500 sobreviventes com risco de contaminação pela lama repleta de produtos químicos;

– 600 famílias desabrigadas e sem cidade;

– Uma vila colonial centenária, destruída para sempre;

– Áreas de reflorestamento e mata nativa cobertas por lama;

– Estima-se que 62 milhões de metros cúbicos de rejeito tenham sido liberados na região, mais do que dez vezes a lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro;

– Usina Hidrelétrica de Risoleta Neves já está afetada;

– Contaminação do solo e do lençol freático por anos.

A ruptura das barragens da Samarco já tinha sido detectada como possibilidade em 2013, segundo Laudo Técnico do MPMG, que alertava para a saturação das barragens. Mas, apesar dos laudos, as licenças ambientais estão sendo concedidas pela administração estadual sem que os técnicos possam avaliar, no terreno, as condições objetivas, informou o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, coordenador da Promotoria de Meio Ambiente.

A Samarco, mineradora do grupo Vale, tem a participação da anglo-australiana BHP Billiton, considerada a maior empresa de mineração do mundo. A receita bruta anual da Samarco atinge os 8 bilhões de reais. A Vale, em Minas Gerais, foi denunciada pelo sindicato Metabase, pela degradação das condições de trabalho, sendo acusada de manter seus trabalhadores em regime de semiescravidão.

Um fato chocante e real é que a Samarco tenta, há anos, desapropriar os moradores de Bento Rodrigues, que sempre resistiram. Será que esse é um motivo plausível para que se rompa uma barragem de rejeitos? Sim, no capitalismo é possível.

Não foi acidente. Nenhuma barragem se rompe por acaso.

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Fonte foto: Estado de Minas




Redação greenMe

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