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O gênero botânico Cannabis representa um recurso natural fundamental infelizmente subestimado mundialmente e ofuscado pela proibição que limitou fortemente o seu cultivo em vários países.
Quando se fala de cannabis se pensa imediatamente em maconha (Cannabis sativa), mas poucos sabem que este gênero possui 3 espécies de plantas – Cannabis sativa, Cannabis ruderalis e Cannabis indica -, que a maconha é extraída das espécies sativa e índica e que a espécie ruderalis é uma planta altamente versátil pode perfeitamente substituir por exemplo, o petróleo, no que diz respeito à produção de combustíveis e de materiais plásticos; além de ser uma alternativa ecológica ao algodão para a produção de fibras têxteis; uma fonte de alimento que não deve ser menosprezada e uma matéria-prima apropriada para fabricação de papel e materiais de construção.
Gostaríamos de contribuir para a difusão do conhecimento sobre as possíveis utilizações da cannabis.
As sementes de cânhamo são consideradas como um alimento surpreendentemente nutriente, rico de ácidos graxos poliinsaturados considerados essenciais para o funcionamento dos músculos e dos receptores nervosos, como os ácidos linolênico, linoleico e alfa-linolênico. As sementes de cânhamo desprovidas de THC (a substância considerada droga) contêm todos os aminoácidos considerados essenciais para a síntese de proteínas pelo organismo. Elas são uma ajuda na prevenção de colesterol alto, asma, sinusite, artrite, traqueíte e doenças cardiovasculares. Das sementes de cânhamo se pode obter dois alimentos: óleo de cânhamo e tofu de cânhamo.
Das sementes de cânhamo prensadas a frio se extrai o seu óleo, um precioso integrador alimentar para ser usado preferivelmente cru como condimento. Da mesma forma que suas sementes, o óleo de cânhamo é rico em ácidos graxos poliinsaturados considerados benéficos para o funcionamento adequado do organismo, principalmente do aparelho cardiovascular. É rico em vitaminas A, E e do complexo B e tem um agradável sabor que lembra avelãs.
As plantas de cânhamo podem ser usadas para a recuperação de solos contaminados por metais pesados através de um processo chamado de fitorremediação*. Sua raiz é capaz de desempenhar a sua própria capacidade quelante contra contaminantes como arsênio e cobre, assim como contra solventes e pesticidas. Ela é usada para os processos de descontaminação de solos, com especial referência para as áreas degradadas e de terrenos baldios, permitindo cultivar com uma metodologia de baixo custo.
O cânhamo é considerado mais produtivo do que o algodão no que diz respeito às fibras têxteis. Além disso, quanto ao cultivo, o de cânhamo, requer a utilização de pesticidas e fertilizantes decisivamente inferior àquela do algodão. O algodão é uma das culturas com fins têxteis de maior impacto ambiental, seja por causa do uso massivo de agrotóxicos que pela utilização dos recursos hídricos. Do cânhamo se obtém fios resistentes que podem ser utilizados para a produção de tecidos destinados às produções de manufaturados têxteis, acessórios e roupas.
O cânhamo pode ser considerado um importante substituto à madeira no âmbito da construção e da carpintaria. De fato, do cânhamo é possível produzir tábuas robustas e resistentes que podem substituir as tábuas de madeira comuns. Elas são obtidas a partir da utilização de pedúnculos desta planta, que são prensados e montados com a ajuda de uma cola, permitindo obter tábuas mais leves e flexíveis do que as tradicionais de madeira.
O cânhamo é cada vez mais utilizado na construção como um substitutivo ao cimento e aos tijolos. Um exemplo é um biotijolo italiano capaz de absorver o Co2. Se trata de um tipo de tijolo desenhado para capturar as emissões de dióxido de carbono que chegam à atmosfera e ao mesmo tempo para garantir um bom isolamento térmico e acústico, a fim de chegar à possibilidade de construir um ambiente saudável para se viver, também graças a completa permeabilidade ao vapor do próprio tijolo, capaz de garantir um ótimo conforto em casa e de representar um instrumento inovador para a bioconstrução, seja na construção de novos edifícios que na reestruturação dos já existentes.
Especialmente no que se refere à produção de plásticos, o cânhamo pode ser considerado uma concreta alternativa ao petróleo, a fim de dar origem ao fim da dependência deste recurso. A celulose contida na planta torna possível a obtenção de materiais plásticos biodegradáveis que podem ser utilizados na produção de embalagens e isolantes.
Outra importante utilização para que o cânhamo possa ser considerado como um verdadeiro substituto para o petróleo, é constituída pela produção de combustíveis de biomassa. Utilizar o cânhamo como material de partida para a combustão não aumentaria a quantidade de CO2 liberada na atmosfera, uma vez que a emissão de dióxido de carbono durante a combustão seria compensada pelo quantitativo de CO2 absorvido a partir do próprio cânhamo na cultivação das suas plantas.
A partir da estopa e da parte lenhosa do cânhamo obtidas após a extração da fibra têxtil ou das sementes, é possível fabricar, seja papel de alta qualidade como papel de uso comum, empregável, por exemplo, na impressão de jornais e na produção de caixas de papelão. A maior vantagem relacionada com a produção de papel a partir do cânhamo vem do fato de que, para a sua realização é possível usar o “resíduo” de uma única cultivação de cânhamo destinada para a produção de sementes ou de fibras têxteis.
O caule do cânhamo prensado pode ser usado para executar uma tarefa considerada fundamental na agricultura e jardinagem. Trata-se do acolchoado, uma coberta que se coloca sobre o solo –feita por exemplo, de fragmentos de cascas – a fim de manter a humidade do terreno e reduzir as necessidades hídricas das plantas, elevar a temperatura do solo, impedindo o crescimento de ervas daninhas ao mesmo tempo que o protege das chuvas e erosões.
Com estas informações, podemos ampliar o debate sobre a legalização da maconha no Brasil, saindo um pouco dos focos uso medicinal e tráfico de drogas que geralmente se dá. Afinal, a cannabis é mesmo uma das plantas mais versáteis que a natureza criou!
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*Fitorremediação é o uso de plantas para remover, imobilizar ou tornar inofensivos ao ecossistema, contaminantes orgânicos e inorgânicos presentes no solo e na água. Fonte: Wikipedia.org
Categorias: Agricultura, Informar-se
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