Por que alimentar pássaros pode não ser tão bom quanto parece


Nós amamos os animais e queremos tê-los sempre para perto da gente, certo? Errado! Muitas vezes esse querer humano atrapalha a biodiversidade de várias maneiras.

Primeiramente, como nós sempre dizemos aqui no greenMe, não devemos alimentar animais selvagens. A gente acha que está ajudando eles mas na verdade estamos fazendo com que esses animais deixem de viver a vida natural deles:

Um artigo muito interessante escrito por Alexander C Lees, professor sênior de biologia da conservação na Manchester Metropolitan University, publicado pelo The Guardian dá a ideia do prejuízo.

Alexander explica que ao disponibilizarmos comida 24 horas, 7 dias por semana para que pássaros venham em nosso jardim, estamos criando a situação ideal para que as espécies dominantes tomem conta do território, dificultando a vida dos mais frágeis.

Pegando o exemplo britânico, Alexander explica que o alimento fornecido por humanos é tão importante para algumas espécies, que chega a ser 75% de sua alimentação diária, com uma média de 100 comedouros para pássaros por km2 em todo o Reino Unido.

Não precisando mais viajar para encontrar alimento, algumas populações cresceram, mas não todas. Apenas as das espécies dominantes, que podem monopolizar recursos como alimentos e locais de nidificação.

Isso fez com que outras espécies declinassem ou buscassem formas de sobreviver em outros locais que não os seus de origem, enquanto espécies locais que teriam viajado no inverno decidem ficar pois, a alimentação de pássaros deixa as espécies dominantes com todas as cartas de recursos na manga.

Não importa o quão duro é o inverno, motivo pelo qual espécies migratórias migram, a disponibilidade de alimentos faz com que algumas aves mudem de comportamento. Em vez de migrarem, permanecem, enquanto outras que não migravam, agora migram em busca de recursos escassos para estas.

Mas tem outro problema aí:

“ao alimentar diversas espécies no mesmo lugar ao mesmo tempo por anos a fio (sem distanciamento social), criamos agregações não naturais e condições férteis para que doenças se espalhem dentro das espécies e, pior, de uma espécie para outra.”

O que acontece é que de boa fé, tentamos ajudar a vida selvagem mas acabamos por ajudar alguns e prejudicar outros.

O que fazer?

Não precisa parar de querer ajudar os animais, mas há um jeito certo de ajudá-los.

Como explica Alexander:

“há um conselho claro que podemos dar para aqueles que se preocupam com as populações de pássaros. Sempre que possível, melhorar a quantidade e a qualidade do habitat em nossos jardins é um presente muito mais importante para a natureza do que qualquer distribuição de sementes.”

Como fazer?

Podemos ajudar a natureza e os animais da maneira mais básica e menos invasiva possível:

Por exemplo:

  • plantando árvores, flores e plantas nativas que serão os recursos naturais a fornecer alimento e local para as aves nidificarem
  • podemos cavar lagos, criar piscinas naturais (biopiscinas)
  • podemos trocar cercas de arame por cercas vivas
  • Podemos trocar o pavimento de cimento por gramados verdes, cobertos de flores silvestres.

Ou seja, podemos “reflorestar” nossos quintais e jardins e deixar que a própria natureza ajude na preservação das espécies: não apenas pássaros, aves mas também abelhas e outros insetos polinizadores.

A natureza é o equilíbrio.

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Fonte foto: Rolieiro-de-peito-lilás




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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